Modos gregos, diversas sonoridades numa só escala. Como?
Os modos gregos surgem na Grécia antiga, há mais de cinco séculos antes de Cristo, podem ser usados por qualquer instrumento, principalmente os modos gregos no saxofone. Eram praticados pelas cidades estado gregas em sua música modal que trazia para os povos a característica dominante desses mesmos povos.
Se a cidade fosse guerreira, um modo mais voltado para a guerra, se a cidade fosse mais pacífica, um modo mais tranquilo.
Mas o que são os modos gregos? A escala pitagórica possuía somente notas naturais, ao contrário do que muitas pessoas pensam, a invenção dos acidentes musicais é tardia, de forma que não havia outras tonalidades nesse tipo de música, e para suprir a falta de outras tonalidades, o que se fazia era começar a escala por notas diferentes, o que se traduzia em diferentes sonoridades.
Então temos que os modos gregos são produzidos a partir de uma mesma escala natural, ou seja, são todas as sete possibilidades de se começar a mesma escala por notas diferentes.
E por incrível que pareça essas sonoridades, mesmo vindo de uma mesma escala, são tremendamente contrastantes e ricas em sonoridades mágicas.
Basta entendermos que a música modal durou muitos séculos até ser inovada pela presença da música tonal que é a que temos predominantemente hoje em dia no ocidente.
Muita coisa pode ser tirada dos modos gregos, muita coisa pode ser produzida em termos de sonoridades diferentes, contrastantes, interessantes e até mesmo surpreendentes por meio desses modos.
O importante é que não devemos pensar os modos gregos como filhos de uma só escala, se pensarmos dessa forma teremos sempre a mesma escala agindo, o que fará com que não encontremos as sonoridades interessantíssimas que os modos gregos podem nos oferecer.
Muitos saxofonistas se confundem nesse ponto porque pensam que o que temos é uma escala só, não, o que temos são sete escalas diferentes, pois o DNA de cada escala é diferente, por exemplo.
A escala maior (o modo jônico) é TOM TOM SEMITOM TOM TOM TOM SEMITOM, já a escala dórico seria TOM SEMITOM TOM TOM TOM SEMITOM TOM, ou seja, é uma escala completamente contrastante e diferente.
A sonoridade produzida pelas escalas dos modos gregos traduz-se sempre de um modo mais introspectivo, mas fechado, mais escuro, para um modo mais extrovertido, mais aberto e mais luminoso, a ordem que poderíamos colocar os modos nesse sentido seria: lídio, jônico, mixolídio, dórico, eólio, frígio e lócrio.
É interessantíssimo de se notar que cada modo tem mesmo seu tônus, e expressa um sentimento completamente diferente.
Músicas de trilhas sonoras de filmes fazem uso e abuso desses modos, compositores como John Williams e também Hans Zimmer, entre outros, sabem do poder dos modos gregos, e têm até mesmo “receitas” prontas para cada tipo de personagem e sua música característica.
Um personagem inocente, feliz, e extremamente extrovertido cairia bem com o modo lídio, por exemplo, é sem dúvida nenhuma uma boa expressão desse carctere, e assim por diante.
Não somente na música modal os modos gregos aparecem, eles estão presentes em todo tipo de música, seja para qualquer instrumento ou para o saxofone. A música tonal é baseada nos modos Jônico e Eólio, e transita pelos demais modos com empréstimos modais, por exemplo.
É possível caracterizar acorde por acorde do campo harmônico com uma escala dos modos gregos. A visão de que a música deve ser analisada escala por escala, acorde por acorde, é deficitária se não conhecemos esses modos. Até mesmo nas músicas mistas, como em Cantaloup Island de Herbie Hancock, música que tem características de música modal ao mesmo tempo que tonal, temos os modos gregos fazendo a festa.
Acredito que seria muito difícil pra mim conseguir produzir minha improvisação sem o conhecimento dos modos gregos, pois basear-se somente na escala mãe, e no campo harmônico dessa escala, nos traz uma visão horizontal muito pobre que não leva em conta a maioria dos fatores que os acordes e a harmonia nos trazem em termos de riqueza de expressividade musical.
É preciso conhecer acorde por acorde, escala por escala e os modos gregos são o caminho para tanto.
É importante notar que os modos gregos em todos os instrumentos, e também os modos gregos no saxofone, por virem de uma mesma escala são muito mais uma questão harmônica do que melódica, pois são a mesma escala aplicada a acordes diferentes, começando por notas diferentes.
De forma que dependendo da harmonia que incide sobre a escala mão temos um modo diferente agindo, de forma que o que determina o modo é a harmonia, ou ainda a nota raiz desse modo.
Para tanto é importante mentalizar os modos gregos, pois a mudança não acontece debaixo dos dedos, mas na cabeça, na mentalização das escalas.
Por exemplo: no modo dórico, a nota RE é 1 e não 2, e precisamos vê-la sempre como 1 onde o modo dórico estive agindo, e assim por diante para todos os demais graus, e todos os demais modos, essa mentalização é fundamental e precisamos fazê-lo da forma correta, sem essa mentalização todo estudo sobre os modos é vão.
Por isso criei o ebook VIVAOSAX número VI, ou seja, O FEITIÇO DOS MODOS GREGOS, um ebook revolucionário que visa trazer os exercícios mais claros de mentalização dos modos gregos, a maneira correta de enxergá-los e não apenas de tê-los debaixo dos dedos.
Quem tem os modos debaixo dos dedos nada tem, quem os tem enxergando na mente, esse certamente os utilizará da maneira correta.
O ebook VI O FEITIÇO DOS MODOS GREGOS vem com 4 exercícios super práticos que podem ser extendidos para inúmeros outros exercícios pelo próprio praticante, uma verdadeira academia de exercícios sobre os modos gregos, para mentalizá-los e em um médio prazo, conseguir enxergá-los e praticá-los em toda a nossa improvisação.
Vale a pena conferir esse trabalho primoroso sobre os modos gregos para saxofone produzido para auxiliar os saxofonistas a conseguir cada vez mais enriquecer sua expressividade musical por meio das sonoridades mágicas dos modos gregos, um verdadeiro feitiço de sons, e de expressividade.