Primeiro de tudo temos de saber que todos são inseguros, todos. Todos nós temos limites e inseguranças, a diferença entre os que fazem e os que não conseguem fazer, é que uns enfrentam isso e outros não.
Como enfrentar a insegurança ao tocar saxofone diante de um público? Primeiro de tudo estudar muito, estar preparado a ponto de saber que tem plenas condições de tocar sem errar.
O que ocorre com o profissional que toca sem erros diante de todos? Ele estuda muito, esse é o primeiro passo, ele sempre está muito bem preparado, ele estudou suficientemente para se apresentar e, numa situação normal, tocar sem erros.
O segundo passo é precaver-se de imprevistos a ponto de não ser surpreendido por nada que possa acontecer fora do normal. Imaginar todas as possibilidades do evento, tudo o que pode acontecer ou deixar de acontecer, e precaver-se para cada uma delas.
É importante ter debaixo das mangas todas as reações cabíveis a qualquer imprevisto que possa se dar, de forma a tranquilizar-se em relação a tudo isso. E se a palheta quebrar? E se o carro não ligar? E assim por diante, tudo deve estar previsto e precavido da devida solução.
Como terceiro ponto é importante ter capacidade para improvisar. Certa vez perguntei a um instrumentista erudito super conceituado que a meu ver nunca errava em suas execuções, e tocava tudo decorado, de forma que eu achava aquilo a coisa mais impossível do universo.
E ele me confessou em off que não era verdade que ele nunca errava, ele errava sim, porém, sabia improvisar o seu erro não o colocando em evidência e transformando o seu significado em um acerto.
Por último, é importante saber que somos humanos, é importante saber que ninguém nasceu em marte para nunca ter errado na vida. De forma que a melhor maneira de perder o medo de errar musicalmente ao saxofone, é errando mesmo.
Ou seja, erre uma, duas, três vezes e se perceberá que no dia seguinte o sol não deixará de nascer, as pessoas não deixarão de te cumprimentar, e a vida continua da mesma maneira.
Sim, é melhor que não erremos, mas não há nada de grave em errar a ponto de nos culparmos por isso e nos perturbarmos nesse sentido.
O erro traz a percepção de que errar não é algo do outro mundo, de forma que, errando, conhecemos o fantasma oculto que nos assombrava antes do erro, e esse conhecimento pleno faz com que percamos o medo de errar, pois esse fantasma, uma vez visto em sua inteireza não é tão assustador assim.
A experiência sempre será o remédio para o nervosismo ao tocar. E ninguém adquire experiência sem enfrentar o medo, sem seguir em frente apesar do medo, sem vencer o medo se permitindo o erro, e assim compreendendo que a vida sempre continua, aprendendo com esse evento para numa próxima oportunidade poder arrebentar e assim, vencer o nervosismo ao tocar.
Daniel Vissotto