Primeiro de tudo devemos ter a consciência de que o alcance das três marias, como já falamos a respeito dos graves, e até de maneira mais acentuada, é um processo e não um aprendizado imediato. Exige uma embocadura mais ou menos formada e não é algo que se consegue da noite para o dia.
O primeiro passo para conseguir tocar as três marias é conhecer perfeitamente os seus chaveamentos, não é possível tocar a nota certa com o chaveamento errado. De forma que precisamos manejar perfeitamente as chaves para que tudo caminhe da maneira como tem de ser.
O segundo passo é ligar as notas, ir para as três marias com o intervalo de meio em meio tom ligado, ou seja, fazer uma pequena escala cromática para as três marias sustentando cada uma delas por meio disso separadamente.
Lembre-se não articule as notas no início, faça tudo ligado, pois essa região, com o impulso de uma nota inferior próxima ligada a ela fica mais fácil. A articulação pode fazer com que você perca o impulso para conseguir chegar nas notas das três marias.
Depois de fazer bem essa escala cromática ligada nas três marias e sustentar cada uma dessas notas por longo tempo (notas longas), começar a fazer intervalos maiores para as mesmas, ligando, de baixo para cima, com até mesmo intervalos de quartas, por exemplo, e assim sustentando novamente a nota final.
Aos poucos a embocadura vai naturalmente se desenvolvendo nessa região, a ponto de, por meio de um trabalho intenso de notas longas, dentro de pouco tempo, conseguir articular essas notas, e assim produzir escalas articuladas nas três marias.
O próximo passo é atacar essas notas agudas devagar, e sustentá-las com notas longas. É importante de se notar que nessa região do sax não se aperta a embocadura, a embocadura deve ir relaxada, o máximo de relaxada possível antes que se desafine a nota, ou que se perca a nota para uma oitava abaixo, ou um harmônico acima.
A nota deve ser sustentada da seguinte maneira: ao invés do recurso da mordida da mandíbula, apertando a boquilha, devemos, ao contrário, relaxar a embocadura e sustentar essas notas pela coluna de ar, investir mais pressão de ar, e também quantidade, para que as mesmas notas vibrem com a embocadura relaxada e com todos os seus harmônicos, produzindo assim um som cheio e bonito, sem ser espremido ou surdo.
Obedecendo este processo e estas dicas, aos poucos, as três marias vão se manifestando, e dentro de algum tempo conseguiremos tocá-las com maior facilidade e beleza de execução.
Daniel Vissotto