Depende de várias coisas
Bem, aqui depende de uma série de coisas, vamos começar pelo seu nível, qual o seu nível? Iniciante, intermediário ou avançado?
Para que saiba se catalogar julgo um iniciante alguém que começou há menos de seis meses o saxofone, que sabe bem a escala natural e a escala cromática, mas não se enveredou ainda para o estudo dos doze tons maiores das escalas. Alguém que ainda se prende à partitura como ela é, ou tem dificuldade para fazê-lo.
Julgo um intermediário alguém que já se envereda para o domínio dos doze tons, não somente nas escalas, mas também na interpretação, tocando com facilidade músicas com bastante acidentes sem inibições, alguém que já sabe interpretar e não se prende somente ao que está escrito na partitura.

Saxofonista estudando
Já um avançado eu acredito ser aquele que já dominou os doze tons maiores da escala diatônica, e está partindo para as demais escalas menores, já começou a tocar em tons menores, interpreta bem e começou a se dedicar à improvisação em seus estudos, libertando-se completamente da partitura, sem desprezá-la, usando-a como um recurso e não uma muleta.
Acredito até que há um ponto em que o saxofonista deixa de ser avançado e passa a ser profissional, alguém que de fato não dá trabalho quando toca, e dá conta do que lhe põem na frente com facilidade, pois tem os recursos necessários para lidar com as situações mais comuns e mais requisitadas da música em geral.
Não é o tempo que conta, mas o que se faz com o tempo
A principal coisa que devemos ter em mente é que não é o tempo que faz o saxofonista, mas aquilo que ele faz com o seu tempo. Às vezes um instrumentista usa muito bem o seu tempo e estuda muito menos do que outro, e assim consegue um desenvolvimento muito maior. Por isso é importante ter uma direção naquilo que faz em seus estudos e não apenas sair tocando o que dá na telha.
Quando você é um iniciante, você tem de tomar cuidado com o tempo de estudo. Quarenta minutos já são mais do que suficientes. Não pode ir para o saxofone com muita sede a ponto de se machucar ou coisa parecida. Quando está começando, deve começar com poucos minutos, depois ir aumentando isso aos poucos, conforme a necessidade e a disposição.

Se perdendo no tempo
Quando chega num nível intermediário tocar apenas quarenta minutos de saxofone por dia não satisfaz, começa a acumular matéria e o seu raio de ação começa a aumentar, se você se desenvolve o prazer de tocar começa a aumentar também. De forma que conforme começa a dominar o instrumento, conforme começa a ter o hábito construído e mantido de tocar mais desejo de tocar tem.
Nesse momento é preciso começar a entender que o saxofone não é uma coisa natural do corpo humano, e que precisamos fazer pausas, descansos, dirigir o estudo do menos exigente para o mais exigente, e depois ter um tempo de recuperação importantíssimo para quem quer evoluir. O saxofone não se aprende só com o instrumento, mas fora dele também.
Alguns exemplos na história do sax
Kenny G se orgulhava de estudar sempre três horas por dia. Onde você quer chegar? Como você responde aos seus estudos? Como você se sente em relação à maneira como conduz o que faz no saxofone? As pessoas são diferentes, às vezes ele necessitaria de somente três horas por dia para ser um profissional, há outros músicos, como Charlie Parker por exemplo que se gabavam de estudar por volta de mais de dez horas por dia.
Nem todos têm o mesmo objetivo, nem todos têm a mesma resistência, nem todos têm a mesma resposta para com aquilo que praticam, uns vão precisar de três horas por dia, outros dez, outros quatro, e assim por diante, porém, é certo ao definir um nível de estudo por dia é preciso mantê-lo de maneira regular, pois é a prática distribuída e não concentrada que faz o efeito.
De nada adianta concentrar todos os seus estudos num só dia da semana, e deixar os demais sem nenhuma espécie de contemplação. O estudo distribuído de 40 minutos por dia vale mais do que um estudo doentio de sete horas num dia só.
Falando sério há muitos que são malucos, outros que são exibicionistas, e outros que são mais realistas. Devemos tomar cuidado com o que dizem por aí em termos de tempo de estudo diário. Haverão aqueles que dirão que estudam nove horas por dia, outros que dirão que estudam dez minutos por dia, e assim por diante.
O meu caso, quanto tempo eu estudo
Eu mesmo já cheguei a estudar seis horas por dia no passado. Quero dizer que me desenvolvi como nunca mas não consegui manter o ritmo, primeiro porque comecei a trabalhar, e entraram no campo de minhas atividades outras atividades, como divulgação, negociação, marketing etc. coisas que eu nem imaginava que existiam na vida de um músico.
Hoje meu estudo é menor, estudo de duas a três horas por dia, às vezes um pouco mais, às vezes um pouco menos. Porém, sinto-me completo e sinto-me satisfeito com meu estudo, coisa que curiosamente não acontecia quando eu estudava seis horas por dia. Talvez pelo fato de que era muito novo na coisa e não sabia muito o que estudar.
Tenho para mim que uma pessoa que tem uma hora de disponibilidade para estudar o saxofone por dia, se a aproveitar, ainda que em parte, certamente colherá frutos. Esse é o tempo que eu aconselho que possuam os alunos do curso VIVAOSAX BÁSICO, que a meu ver é a melhor porta de entrada para o mundo do sax.
No fundo, no fundo, o tempo é relativo, o que importa é a matéria estudada, como foi estudada, qual o resultado colhido, no que se concentrou o tempo enquanto estávamos só com o instrumento, e também sem ele. O importante é que não nos prendamos a tempo, mas àquilo que estudamos de fato, e que colhamos disso a alegria de desenvolver uma atividade sadia e produtiva, um investimento em nós mesmos.
Não posso mentir, estudar saxofone tem suas dificuldades, mas certamente conduz a oásis de alegria e realização indescritíveis através do som deste instrumento. O que importa é estar disposto a passar por tudo isso para colher os frutos dessa jornada.
Daniel Vissotto