Qual a origem das escalas pentatônicas?
Muito anterior à descoberta do coma pitagórico, fenômeno que levou os gregos a utilizarem as escalas pentatônicas para evitar desafinações, as pentatônicas já eram utilizadas em várias regiões do planeta.
As pentatônicas surgiram de forma independente em diferentes culturas musicais ao redor do mundo, e poderiam estar associadas à percepção natural das relações sonoras e à descoberta de combinações de notas que soam, supostamente, agradáveis aos ouvidos.
Onde as pentatônicas são utilizadas?
Muitas regiões do globo utilizam essas escalas, na Ásia são utilizadas há mais de 3000 anos, na música folclórica, e erudita tradicional, tanto na China como no Japão. As cinco notas talvez representassem os cinco elementos da cultura chinesa (madeira, fogo, terra, metal e água).
Na África, especialmente no oeste da África, as pentatônicas são utilizadas em diversos ritmos e instrumentos, principalmente associadas a padrões rítmicos complexos que as enriquecem sobremaneira em meio a suas melodias e harmonias.
Já as tribos nativas americanas utilizavam as pentatônicas em cerimônias, canções, e danças tradicionais, a pentatônica desempenha um papel fundamental na cultura indígena americana.
Ainda nas Américas o Blues é um estilo que se desenrola em cima de pentatônicas, por influência direta da música africana. Uma escola fundamental que influenciou muitos estilos inclusive o Jazz entre outros.
Na Europa, temos a cultura Celta, cuja música folclórica faz amplo uso das pentatônicas. São encontradas também principalmente em estilos medievais e renascentistas para criar efeitos sonoros enriquecedores e distintos.
Na Índia as músicas são baseadas nas ragas, as ragas geralmente vão além das escalas pentatônicas, embora hajam ragas de cinco notas, e em muitos momentos se expressem por meio de pentatônicas. As pentatônicas não são predominantes nessa parte do globo, mas lá marcam presença também.
Culturas árabes também, em certo sentido, com microtomias, o que faz com que possuam uma característica única, fazem uso das pentatônicas, estas músicas possuem um sistema harmônico complexo e no fim das contas, mais estruturas, além destas escalas, estão envolvidas.
Falando agora do Brasil, temos que a complexidade da música brasileira é muito grande para resumi-la a escalas pentatônicas. Estas escalas são encontradas em várias expressões musicais, são encontradas em momentos dentro do choro, do samba, trazendo assim maior expressão às performances.
Até mesmo a escala blues, uma pentatônica com o acréscimo da blue note, é muito comum na música brasileira, criando assim um sentimento de tensão, o baião, por exemplo faz muito uso dessas escalas, no entanto, estas são apenas algumas das muitas ferramentas da música brasileira.
Quais estilos utilizam-se mais das pentatônicas e por quê?
O pop
Na música pop as pentatônicas são predominantes, pois possuem sonoridade agradável e poucas tensões evidentes, pela simplicidade e pelo carisma, sendo que os ouvintes de música pop procuram melodias fáceis de cantar e lembrar.
As escalas pentatônicas são extremamente versáteis, abrangendo desde um estilo melancólico, até um estilo musical mais voltado para ritmos empolgantes, dependendo da combinação de elementos e também da forma como são executadas.
Fáceis de cantar, são também fáceis de tocar, até mesmo para os iniciantes, é muito fácil criar uma melodia interessante por meio de uma escala pentatônica e soar em meio aos acordes do campo harmônico.
Até mesmo porquê a harmonia das músicas pop se dá muito bem com as pentatônicas, permitindo grande liberdade ao improvisador, com uma só escala ele consegue “matar” a maioria dos acordes, de forma que se expressa muito fácil.
O Gospel
As pentatônicas possuem, dependendo da maneira como forem utilizadas, um sentimento de alegria e esperança muito evidente, trazendo também serenidade e conforto para quem as ouve.
Uma vez que as músicas religiosas de uma forma geral, buscam essa conexão emocional e espiritual com o ouvinte, essas escalas se encaixam perfeitamente à idéia central desse tipo de música.
O canto na igreja é muito importante e também muito presente na música gospel, as músicas não podem possuir muita variação harmônica, para que possam facilitar essa faculdade do canto, precisam possuir estruturas harmônicas simples.
É nesse momento que as pentatônicas entram em ação, elas se dão muito bem com essas estruturas simples harmônicas, e as permeiam com extrema facilidade, dando ensejo ao público para que ele também possa participar.
O gospel também possui muitos momentos de improvisação, músicos e cantores muitas das vezes gostam de expor em meio aos cultos suas qualidades vocais ou instrumentais, e as escalas pentatônicas agem nesse momento como uma base para essa improvisação.
Outro fator importante é que a cultura africana e afro-americana tem uma participação decisiva na música gospel como a conhecemos, de sorte que as pentatônicas são originárias dessas culturas, e assim participam ativamente da música gospel.
O Rock
Há um caráter melódico fortíssimo nas músicas formadas por escalas pentatônicas, as melodias formadas por meio desse recurso são extremamente marcantes, e isso é muito buscado no rock, melodias marcantes e de fácil assimilação.
As melodias do rock possuem uma simplicidade intrínseca, pois precisam ser cantadas, e também assimiladas com facilidade, e as pentatônicas se dão muito bem com essa característica também.
Nos momentos de improvisação do rock, baseados nos solos das guitarras, principalmente, as pentatônicas sempre estão presentes, para uma improvisação intuitiva e característica, algo de grande penetração em meio ao público.
O rock é extremamente influenciado pelo blues, e neste segundo se concentram as pentatônicas por todos os lados. A influência e a intensidade do blues invadiu o rock de maneira avassaladora, isso lhe serve como uma herança cultural.
Por que o Blues utiliza-se tanto das pentatônicas?
O blues não possui melodias engessadas, é um estilo que preza por uma flexibilidade melódica muito grande, e a simplicidade das pentatônicas se encaixa muito bem nessa intenção, com os acordes do blues, os músicos criam com muita facilidade suas variações.
Falando sobre a blue note, que na escala pentatônica menor de C seria o acréscimo da nota F#, promove uma sutil variação da escala pentatônica, elas promovem uma tensão violenta por meio de suas execuções, e a sonoridade do blues é característica graças a essas notas.
No blues se utiliza muito de bends e slides, ou seja, as notas são flexibilizadas, pra alcançar, com as notas da escala pentatônica, outras notas, e isso também faz com que a execução das pentatônicas seja enriquecida em meio a este estilo.
O caso do Jazz
Utilizadas em combinação com outras estruturas, são enriquecidas, tornando a simplicidade das mesmas um pouco mais complexa, gerando também, em meio a essa complexidade, um canal de simplicidade que conecta com o público.
Sobrepor acordes, com uma pentatônica alternativa que compartilha algumas notas de um acorde é uma prática muito comum, cria-se uma sonoridade alternativa, interessante, e ao mesmo tempo de fácil execução com apenas cinco notas.
O uso da escala blues, por exemplo como fonte de uma sonoridade um tanto quanto bluesy nos acordes dominantes, essa é uma prática muito comum de músicos de jazz.
Muitas escalas modais, se extraídas algumas notas, transformam-se em pentatônicas, acrescendo assim à sonoridade das escalas originais, de forma que o uso de umas misturadas com outras enriquecem a execução.
Mesmo no jazz, muitos compositores e músicos, apesar de utilizarem-se de melodias e harmonias baseadas em escalas complexas, têm também melodias baseadas nas escalas pentatônicas, enriquecendo-as ao extremo.
As pentatônicas, muitas das vezes por sua simplicidade passam a ser o ponto de partida de um improviso, este que vai se tornando cada vez mais rico e mais complexo com o passar do tempo.
Como estudar as escalas pentatônicas?
Em toda extensão do sax, todos os tons, visualizando graus e notas e percebendo de maneira auditiva os sons. Em vários padrões melódicos, rítmicos, de articulação, de acentuação, e também em várias velocidades.
Misturando tons, fazendo também pentatônicas sobrepostas, construindo-as com reflexo e imediatez. Estudando frases em todas as tonalidades, expandindo assim o vocabulário que permeia as escalas pentatônicas.
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Daniel Vissotto