O Dilema das Notas Agudas

A Importância das Notas Agudas do Sax

Você tem dificuldade com as notas agudas do sax? A região aguda do sax é algo de cobiçado por todos os saxofonistas, falo da região que vai entre o sol da segunda oitava até o fa sustenido da terceira oitava, ainda dentro das notas regulares do saxofone, sem mencionar no que tange ao assunto dos super agudos.

Muitos saxofonistas dominam a região média do sax, que é uma região amiga de todo aquele que está começando, por ser menos extrema, outra região que traz alguma dificuldade para o iniciante são os graves, porém, tirar notas agudas no saxofone, brilhantes, belas e repletas de sons harmônicos é para poucos, embora todos os desejem.

Porém, sem essa habilidade é quase impossível se expressar no saxofone corretamente, pois predominantemente toda construção frasal no saxofone desemboca quase que necessariamente em uma nota aguda, o que faz a conjunção do sentido das frases, trazendo um ponto de tensão maior a elas, um clímax. E sem essas notas fica muito difícil produzir esse efeito.

O Dilema das Notas Agudas do Saxofone

A maior tendência de muitos saxofonistas até mesmo experimentados na coisa sempre é apertar demais a embocadura nessa região, como se o grave fosse mais solto, o médio um pouco mais pressionado, e o agudo extremamente pressionado pela mandíbula. A tendência de todos é, conforme sobe na tessitura do sax, apertar mais e mais a embocadura, mais especificadamente a mandíbula.

Muitos saxofonistas usam a pressão da mandíbula nas notas agudas do sax
Pressão da Mandíbula

O problema é que se fizermos recurso à pressão da mandíbula para tirar notas agudas no sax, o que teremos como resultado é um som espremido, pequeno, e sem brilho, contrastando até com as demais regiões do saxofone soando diferentemente delas. Isso não será um efeito muito positivo para o saxofonista que muitas das vezes dá a essas notas, o principal lugar de suas execuções, veja só, no momento mais esperado a nota fica menor, surda, pequena, isso é no mínimo estranho e faltante.

Surge então um dilema, para tocar agudos cheios, brilhantes, belos, repletos de harmônicos, temos de abrir a embocadura e fazer a palheta vibrar, pois é da livre vibração da palheta que conseguimos atingir um som dessa qualidade, sempre que impedimos a vibração da palheta por conta do apertar a mandíbula, o que temos é que o som diminuí e fica fosco, entre outras coisas.

No entanto, ao abrir a mandíbula para fazer a palheta vibrar mais nos agudos, pelo menos tanto quanto ela vibra nas notas médias e graves, o que temos como resultado imediato é que as notas agudas desafinam para baixo, ou ainda, o que é muitíssimo pior, acabam por soar uma oitava abaixo, perdendo o tom da nota original para a qual o chaveamento foi feito.

Eis o dilema dos agudos do saxofone: se apertamos eles ficam pequenos e foscos, se abrimos, eles desafinam e caem uma oitava abaixo, vindo até mesmo a acabar por algumas vezes a apitar. Para resolver esse dilema eu desenvolvi este texto, no sentido de conseguir por meio dele encontrar a solução para encontrar, nas notas agudas do sax, um som cheio, pleno, belo, brilhante, e também repleto de harmônicos.

Relaxar a Mandíbula é o que se Propõe

Ao conversar com muitos professores experimentados que tive durante minha jornada na música,  consegui uma opinião praticamente unânime, a solução para o som pequenino e espremido dos agudos, sempre será soltar a boquilha, relaxar a embocadura, e abrir a mandíbula no ponto certo para produzir essas notas de maneira a conseguir essa sonoridade.

Relaxar a mandíbula é o que se propõe para as notas agudas
Devemos Relaxar a Mandíbula

Outra coisa que inúmeros saxofonistas experimentados são unânimes em dizer é que, ao contrário da tendência de todos nós, que é a de apertar mais à medida que as notas vão ficando agudas, devemos soltar mais nas notas agudas, e também ao mesmo tempo abrir a garganta para que essas notas possam sair com maior liberdade. Não apenas relaxar a mandíbula, mas também abrir a garganta para que o ar seja pleno e atinja a palheta com toda a sua força.

Embora isso pareça muito lógico e até mesmo fácil, à primeira vista, na prática não é nada fácil, primeiro porque muitos saxofonistas já acostumaram a apertar as notas agudas, e têm de refazer toda a sua embocadura para conseguir conquistar essa sonoridade nessas notas, tanto nos voicings (garganta), quanto na embocadura em si mesma (a pressão da mandíbula). E temos ainda o problema do dilema das notas agudas, o que fazer para o que o agudo não venha a desafinar, e nem cair uma oitava abaixo, ou o que é pior, apitar?

Sustente a Nota pela Coluna de Ar

A solução está em sustentar a nota, não pela mandíbula, mas pela própria coluna de ar, como diz Eric Marienthal em uma de suas entrevistas: “As notas agudas são 60% ar, e 40% embocadura”. A sustentação dessas notas é na coluna de ar e não na pressão da mandíbula. Porém, para corrigir a afinação e também manter as notas na região aguda do sax, sem perdê-las para a oitava de baixo, o que temos de fazer é um trabalho de língua, compensar a sustentação que a embocadura dava a essas notas, pela sustentação do ar e do formato da língua.

O jeito de fazer as notas agudas soarem tão bem quanto as notas das demais regiões do sax é tocando as notas agudas do mesmo jeito das demais regiões do sax, embora seja óbvio, não é o que a esmagadora maioria dos saxofonistas fazem, e nem o que eles têm como tendência a ser feito. Pelo menos, certificar-se de que nas notas agudas, a palheta vibre tanto quanto nas demais regiões do sax.

Corrija a Afinação das Notas Agudas com os Voicings

O ar é o que faz a palheta vibrar, não a embocadura, é preciso ter uma coluna de ar mais robusta, mais constante, com maior quantidade de ar, e também com uma abertura da garganta maior para essas notas, e quando elas tenderem a desafinar, ou ainda, tenderem a cair para a oitava de baixo, devemos corrigir isso utilizando os voicings da língua por detrás da embocadura, a saber erguendo a língua com a vogal IH, ainda mais do que nas demais notas.

As notas agudas têm a ver com o montante de ar batendo na palheta, não de uma só vez, mas de forma constante e plena, bater o suficiente para elas saírem belas, brilhantes, cheias, e não virem a apitar, para tanto é necessário abrir a garganta, e abrir a garganta é o mesmo que fazer a posição de uma fala grave, e além disso, corrigir a desafinação provocada pelo relaxamento da mandíbula (embocadura) por meio do levantar da língua na vogal IH. Esta é a técnica mais apurada para essa região do sax.

Abra a Garganta para Maior Passagem de Ar

Ela vai contra todas as tendências dos saxofonistas, ela parece contraditória, porém, é a único meio que encontro capaz de produzir notas agudas no saxofone plenas com a sonoridade desejada por todo saxofonista. Respirar bem, abrir a garganta (produzir uma garganta de voz grave), corrigir a desafinação com a língua na posição do IH, produzir um relaxamento do lábio inferior (não apertar a embocadura mais do que nas outras regiões), e sustentar todas as notas agudas muito mais na coluna de ar do que na tensão da embocadura.

Devemos Praticar Sempre

Praticar primeiro nota a nota, com notas longas, até cada nota em separado soar bem, depois fazer exercícios com escalas, harpejos e melodias, incluindo aos poucos as notas agudas. Ninguém consegue desenvolver o que não pratica. É importante praticar a embocadura para essa região tendo a consciência de que a pressão da embocadura não deve mudar significativamente, e muito menos aumentar no sentido de espremer a nota.

Uma coisa importante a ser dita é que as notas agudas necessitam de uma palheta mais firme para soarem afinadas, é muito difícil soar notas agudas plenamente afinadas com palhetas muito moles, as notas agudas encontram tanto firmeza, facilidade de emissão e afinação em palhetas mais firmes. A perfeita combinação da boquilha e da palheta também vai ajudar nesse sentido, por isso é importante testar muitas palhetas para produzir as notas nessa região.

Para dominar as notas agudas, é preciso muita prática, não é algo que ocorre da noite para o dia, como exigem muito da estabilidade da embocadura, qualquer instabilidade tem o potencial de trazer a nota para fora de sua tonalidade, de sua posição e de sua sonoridade original. Por isso precisamos saber que essas notas não são uma conquista imediata dos saxofonistas, mas fruto de um processo lento de aprendizado.

Muitos são mal orientados a respeito dos agudos, o que se tem muitas das vezes é que devemos soltar o grave, tocar normalmente no médio e apertar os agudos, isso é fruto de uma idéia errônea a respeito de como as regiões do sax funcionam. O agudo deve permanecer, pelo menos, com a mesma embocadura da região média, é assim que oriento meus alunos, para você que vem encontrando dificuldades nessa região e quer se aprofundar no assunto aconselho aulas diretas com o professor.

O principal motivo pelo qual as pessoas não conseguem tocar os agudos é apertar demais a embocadura nessa região do sax, seguindo essas técnicas, e praticando a embocadura todos os dias no saxofone, certamente, dentro de pouco tempo resolveremos o dilema das notas agudas, e conseguiremos dominar essa região tão cobiçada, tão importante para que o saxofone possa se expressar em toda a sua grandeza e beleza.

Daniel Vissotto

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