Primeiro de tudo as regiões extremas do sax são fruto de um processo de aprendizado, e não de um aprendizado imediato, isso é importante que saibamos, para que não desanimemos diante da dificuldade.
O primeiro passo para tirar os graves é se certificar com um Luthier de confiança de que o seu sax não tem vazamentos, os vazamentos tornam essa dificuldade intransponível no saxofone, de forma que precisamos ter o instrumento em ordem para partir para esse desafio.
Os graves no saxofone são fruto de três grandes fatores: pressão na coluna de ar, relaxamento de embocadura, e aumento da cavidade bucal.
Porém, isso não é uma fórmula mágica, mas algo que se desenvolve com o tempo, principalmente a embocadura, que é uma questão muscular, o controle da coluna de ar que é uma técnica que se desenvolve a partir da conscientização, e também o aumento da cavidade bucal.
A embocadura é necessária, sem uma embocadura firme e formada os graves vão oscilar, vão oitavar, e vão se manifestar harmônicos no lugar dessas notas. É preciso desenvolver embocadura, primeiramente na região média do sax, depois nas regiões extremas, especialmente nos graves.
É preciso desenvolver o controle da coluna de ar, assoprar com a pressão, pois os graves se produzem com pressão e não quantidade de ar, a quantidade de ar é o fator da intensidade, a pressão é quando alcançamos um som encorpado e controlado no saxofone.
Quanto à pressão, é necessário desenvolver a respiração a partir do apoio do diafragma, controlando a pressão do ar a partir dos músculos do abdômen (principalmente), significa conseguir uma coluna de ar constante, firme, perene, e incisiva, isso é pressão, isso sustenta os graves.
Vejam que não é uma questão de quantidade de ar, mas de controle da pressão, de mais pressão, e não quantidade, a quantidade sem pressão é descontrole, e o descontrole é o que faz as notas graves oitavarem, ou ainda, soarem harmônicos.
Acertar na abertura da embocadura é o ideal, relaxar um pouco para os graves às vezes é necessário, falando a respeito da pressão do lábio inferior, nem muito que as notas se percam em um som feio e aberto que quase não tem duração, e nem tão pouco que a nota passe a oitavar.
Por último é necessário aumentar a cavidade bucal, posicionando a língua para baixo, e o palato mole para cima, produzindo a posição da vogal AH… ou seja, a garganta aberta como voicing. Um AH meio misturado com um OH. Isso vai facilitar a produção dos graves, como se tivesse um ovo dentro da boca.
Para facilitar o desenvolvimento da embocadura nos graves aconselho que se parta de um intervalo, de uma nota superior para fixar a nota grave, e aos poucos ir descobrindo os macetes que a produzem, para depois disso, aos poucos, abandonar essa nota superior, e atacar o grave em si mesmo.
Se você não consegue ainda produzir os graves no sax, não se assuste, essa conquista é fruto de um processo, que aos poucos vai se manifestando no nosso aprendizado, desenvolvendo a embocadura, o controle da coluna de ar, e também o entendimento da maneira de se produzir um aumento da cavidade bucal.
Tenho certeza que, praticando as coisas dessa forma, tentando encontrar esse aspecto das notas graves, aos poucos você vai se desenvolver nelas, e dentro de pouco tempo estará tirando as mesmas com facilidade.
Daniel Vissotto