Eis aqui 13 fatores pelos quais você não consegue evoluir no sax. Separei estes por serem os que julgo principais, porém, há outros, e você pode acrescentá-los nos comentários deste post para enriquecê-lo e ajudar os nossos amigos a evoluir também.
1. Não partir do simples para o complexo
Sim, todos podem participar do mundo do sax em todos os aspectos. Iniciantes, intermediários e avançados, uns podem beber das águas dos outros, e sempre há o que aprender.
Os iniciantes aprendem com os demais absorvendo linguagem e acostumando-se com as cenas dos próximos capítulos.
Os avançados aprendem com os demais entendendo e reforçando o que já sabem de maneira ainda mais sedimentada, pois nunca é pouco reforçar as bases.
Os intermediários estabelecem uma ponte entre ambos, falando um pouco da linguagem dos dois, de forma que podem se comunicar bem com todos.
No entanto, é inegável que há etapas no mundo do saxofone, não se pode encarar estágios musicais complexos no primeiro dia de aula.
Uma coisa que aprendi com os meus mais de dez anos dando aulas de sax é que um exercício muito simples não faz evoluir, porém, um exercício muito complexo faz desistir.
No máximo o estudante fica batendo a cabeça, batendo a cabeça, até que não suporta mais o auto-martírio e acaba por abandonar os estudos, e não é esse o objetivo.
Por isso precisamos cumprir as etapas, o complexo é a soma de informações, e a soma de informações só pode ser vencida se dominarmos primeiro o mais simples.
Não devemos querer pular etapas, precisamos fazer as coisas certas no momento certo, sempre.
2. Fazer somente o que é simples, e não exigir nada de si
O saxofone exige que abandonemos a zona de conforto, não há evolução sem o incômodo de procurar fazer aquilo que não dominamos, aquilo que não é ainda de nossa alçada.
Se ficarmos somente dentro daquilo que já dominamos iremos tocar muito bem o que já sabemos, porém, nunca iremos evoluir para nada além disso.
Estaremos estagnados no mesmo nível, e nunca haverá evolução, o que é muito confortável por um lado, porém, muito perturbador por outro.
Precisamos estar dispostos a bater a cabeça no aprendizado musical, patinar, escorregar, cair tudo isso faz parte, se não estamos dispostos a isso não iremos evoluir jamais.
Conheço estudantes que até mesmo se ofendem quando lhes apresentamos coisas novas, coisas diferentes, coisas que eles ainda não entendem e nem dominam.
Se você não está disposto a aprender, nunca conseguirá evoluir, e o processo de aprendizado passa pelo estágio da ausência de domínio e da confiança para com um tutor.
Sem isso, não há como evoluir, se só queremos fazer o que já sabemos fazer, de verdade estaremos estacionados, e quem está estacionado, na verdade, está regredindo.
3. Desprezar os exercícios técnicos e só fazer músicas
Ninguém aprende saxofone só tocando músicas, essa é a verdade, não irá aprender, não irá evoluir, o resultado disso sempre é tocar de tudo, mas tudo de qualquer jeito.
Ficaríamos admirados de saber quantas pessoas seguem este caminho, chego a crer que é o predominante entre os saxofonistas, e principalmente entre aqueles que aprender sozinhos pela internet.
Não há como mentir, não é só músicas, a verdade é que precisamos dos exercícios para evoluir, mesmo que eles não sejam musicais.
Por que fazemos exercícios? Fazemos exercícios para poder isolar, trabalhar e progredir em nossas dificuldades mais particulares, fazemos exercícios para forçar a entrada em nosso vocabulário musical das palavras e expressões que não conhecemos.
É o mesmo que querer expandir o vocabulário da língua portuguesa que temos sem nos dedicar à leitura. Não expandiremos nosso vocabulário se falamos somente o que ouvimos, precisamos forçar a entrada de palavras novas, e isso se dá pela leitura de bons livros.
O mesmo é com a música, não poderemos expandir nosso vocabulário musical se tocarmos apenas músicas, precisamos forçar na nossa fala musical a entrada de bons exercícios para que possamos estar sempre, e rapidamente, nos expandindo em todos os sentidos.
Sim, ninguém estuda para fazer exercícios, mas sem exercícios ninguém está de fato estudando e muito menos evoluindo.
4. Desprezar os exercícios de sonoridade e partir diretamente para as demais coisas
Primeiro de tudo precisamos saber que exercícios de sonoridade não são somente nota longa. Há diversos exercícios de sonoridade que podemos fazer.
Porém, sempre que fazemos tais exercícios estamos aprendendo a produzir, manter, e evoluir no nosso som, e principalmente no nosso timbre.
Quem não tem som, não tem frase musical, não tem dinâmica, não tem vibrato, não tem ornamentos, não tem nada em termos de evolução musical.
Costumo dizer que os iniciantes, principalmente, precisam aprender a produzir som, é sempre este o primeiro passo, nada existe aquém do som, se não sabe produzir som não sabe fazer nada.
Manter o som é importante para os demais estágios, e aperfeiçoá-lo é fundamental para quem quer evoluir, daí a necessidade dos exercícios de sonoridade.
Sem eles tudo o que temos é a modulação do som, porém, a modulação do som não é nada sem o som em si mesmo, de forma que os exercícios de sonoridade são fundamentais.
5. Desprezar a musicalidade, o que te tornará um músico bitolado
Muitos, não poucos, pendem para o lado contrário. A saber, só fazem exercícios, e esquecem em definitivo de tocar músicas, são disciplinados, são organizados, possuem às vezes até mesmo uma grande produtividade, mas são, no fim das contas, bitolados.
Não conseguem fazer nada que estudam virar música, sabem tudo e ao mesmo tempo não sabem nada, pois não aplicam nada daquilo que estudam.
Este é um problema seríssimo, e quando nos deparamos com uma situação que nos testa a tocar o que temos de tocar, percebemos que, no fundo, no fundo, não sabemos tocar nada, embora estudemos tudo.
De nada adianta fazer uma escala, de nada adianta fazer um arpejo, o que temos de fazer é fazer sim a escala e o arpejo, mas igualmente saber fazer isso virar música, pois sem essa aplicação não há sentido no estudo que estamos fazendo.
Tudo deve ser aplicado, tudo deve virar música, tudo, desde a teoria até a prática, tudo deve virar música. Estudamos com a finalidade única do repertório, nosso objetivo deve ser tocar músicas, sim, por que não?
Por isso mesmo devemos aplicar tudo o que estudamos, pois o que passa disso é inútil em todos os sentidos, e uma grandiosa perda de tempo.
6. Passar de um estágio para outro sem extrair a profundidade do mesmo
Às vezes o estudante de saxofone quer abarcar o mundo, ele sente uma grandiosa evolução nos primeiros momentos de seus estudos com essa tática, porque de fato é o que ocorre.
Porém, se continuar assim, conforme a música vai saindo da fase básica e vai se tornando mais e mais complexa, ele vai ficando pra trás, e começa a não mais evoluir.
A ilusão inicial de ter um grande desenvolvimento em pouco tempo lhe ilude a continuar tentando fazer o mesmo até o fim, mas não é o que de fato ocorre.
O músico pega uma página de exercícios e quer fazer todos eles sem extrair deles nenhum ensinamento profundo, desse modo não consegue evoluir no sax, sem limpar, sem observar os detalhes, sem extrair a técnica, e a música é feita de detalhes.
O músico pega uma música, e logo se cansa, ele pula de música em música como um macaco pula de galho em galho, nunca cria raízes, nunca extrai nada de positivo de nenhuma música.
Isso produz uma falsa impressão de evolução, que logo se desfaz no primeiro momento em que este músico encontra alguém que entende o que está acontecendo e que tem olhos pra ver.
Um leve olhar de alguém um pouco mais apropriado certamente descobrirá que este músico nada sabe, nada evoluiu, e nada tem a apresentar, pois toca tudo, mas tudo de qualquer jeito.
7. Concentrar todos os seus estudos num só dia, e deixar os demais dias sem estudar
Este é um fator muito comum para o impedimento da evolução de um músico, ele, ao mesmo tempo aprende, e logo desaprende.
Tudo o que ele aprende num dia só, ele perde nos demais dias, de forma que fica sempre no mesmo estágio.
Isso quando este músico não se machuca, não alcança lesões musculares, não corta sua boca etc. o que é ainda pior, por falta de preparo para estudar tanto num só dia.
Nada é mais nocivo para o desenvolvimento de um músico do que a tática e concentrar o seu estudo, pesquisas e mais pesquisas mostram que o que mais faz um músico evoluir é a prática distribuída.
A prática distribuída significa fazer um pouco por dia, mas fazer todos os dias, o que nos faz, distribuindo nosso aprendizado, estar sempre em movimento, isso nos ajuda a memorizar, muscularmente, ou na própria memória o que estamos aprendendo.
Aí sim, há verdadeira evolução, concentrar estudos é como ficar com a consciência suja e comer um monte de salada num dia só do mês, e nos outros só comer porcaria, isso não fará bem para sua saúde em definitivo.
8. Ficar sempre procurando desculpas para não estudar
Vejam bem, não posso dizer que todos possuem tempo para estudar, mas que são muito poucos os que não possuem tempo, de fato, são exceções.
A maioria das pessoas, esmagadora, por sinal, não sabe priorizar o saxofone, o coloca sim em último lugar, de forma que sempre tem uma desculpa para não estudar.
O tempo somos nós quem fazemos, o tempo é escravo e não senhor, de forma que precisamos dominar nosso tempo, se não é isso que está acontecendo algo está errado.
Se somos senhores de nosso tempo, precisamos saber que o correto é estabelecermos o saxofone como uma prioridade, sem isso jamais aprenderemos de fato o saxofone.
Fazendo assim certamente teremos tempo para estudar, pois, no caso de uma tensão, sacrificaremos outras coisas por isso, porque de fato nos é importante.
Porém, se o saxofone é algo periférico na sua vida, se tudo encontra privilégio no seu tempo antes do saxofone, sinto em dizer que certamente você irá desistir em pouco tempo.
Não devemos procurar desculpas para não estudar, mas motivos e mais motivos para seguir em frente no mundo do sax.
9. Não ter plano de estudo e nem organização para estudar
Outra coisa que nos deixaria abismados é saber do número absurdo de saxofonistas que começam a estudar sem sequer saber o que estudaram no dia anterior.
Produzem um estudo sem pé nem cabeça, baseado na libido, de forma que não possuem planejamento e nem organização para estudar.
Isso não pode dar certo, será como andar em círculos. Ninguém consegue evoluir na busca de abandonar uma floresta se não andar organizadamente em linha reta.
Ninguém chegará a lugar nenhum se não traçar um roteiro para os seus passos, se ficarmos caminhando a esmo, certamente não chegaremos a lugar nenhum.
Nada é mais desanimador do que isso, quando o músico menos percebe ele já está estudando a semestres, meses etc. mas não conseguiu sair do mesmo estágio.
Para evoluir é preciso plano, organização, sem isso não haverá progresso, jamais.
10. Não ter metas de curto, médio e longo prazo
Quem não tem metas, não sabe para onde está indo. Se não sabe para onde está indo, caminhar para o abismo ou para o paraíso dá no mesmo.
Ninguém deve deixar de ter consciência de para onde está indo. Quero tocar tal música dentro de tal tempo, quero conseguir fazer tal exercício dentro de tal tempo, quero tocar tal método dentro de tal tempo.
Estabelecer metas é o que nos coordena as ações em tudo o que fazemos, sem metas simplesmente não sabemos o que fazer, e nem em qual tempo fazer.
Sem essa mínima exigência de si, não haverá porque evoluir, e consequentemente, não haverá a mínima evolução.
11. Exigir demais de si mesmo, a ponto de desanimar por conta de metas impossíveis
Conheço inúmeros saxofonistas que querem tocar de maneira profissional já nas primeiras aulas, chega a ser assustador o modo como exigem de si.
E o que é pior, se não conseguem, ficam extremamente frustrados, mesmo tendo a consciência de que ninguém consegue isso, exigem de si mesmos o que não exigem de ninguém.
Nada é mais nocivo para a evolução musical do que isso, o músico tem de ser o pai de si mesmo, a mãe de si mesmo, no bom sentido da expressão.
Precisa ter compreensão, precisa ter paciência, precisa ter benevolência para consigo mesmo, sem isso jamais prosseguirá em frente.
Estabelecer metas é importante para conseguir evoluir no sax, porém, nada é mais destruidor do que exigir de si metas impossíveis, pois isso destrói nosso ânimo, nossa força de vontade, e nos leva em pouco tempo para o fracasso.
Precisamos exigir coisas de nós mesmos, sim, mas coisas que podemos dar, coisas que são humanamente possíveis, e que estão ao alcance de nossas mãos.
O que passa disso nada mais é do que um grande orgulho de querer ser melhor do que os outros, quando na verdade todos somos limitados e mortais.
12. Não ter muito bem definido dentro de si o motivo pelo qual está estudando o saxofone
Estabelecer um motivo para uma atitude é o primeiro passo para o sucesso dessa atitude. O que ocorre com aquele que não sabe por que faz o que faz?
Ora, ele não valorizará o que está fazendo, não terá nisso uma prioridade, não conseguirá disciplina para realizar isso, não saberá o que poderá fazer com isso que faz, e tudo o que lhe restará entre outras coisas ruins, é o desânimo e a improdutividade.
O troféu é motivo de um corredor levantar todas as manhãs para treinar, a medalha é o motivo para um nadador enfrentar o frio, a chuva, o medo, e todas as vicissitudes da vida para conseguir treinar todos os dias.
Qual é o seu troféu, qual é a sua medalha? Por que você estuda saxofone? Tudo isso precisa ser respondido, e muito bem respondido, para que você saiba muito bem o que está fazendo e por quê.
Fazendo assim, definindo as coisas dessa maneira você conseguirá crescer com muito mais facilidade nas demais áreas do mundo do sax.
13. Não ter resiliência e nem estabilidade para com os problemas do mundo do sax e nem para com a vida em geral
Qualquer coisa que você faça na vida exige estabilidade. Até mesmo para conhecer uma pessoa e se relacionar com ela você precisa de estabilidade.
Ninguém se relaciona com uma metamorfose ambulante, ninguém confia numa coisa que é imprevisível. É a estabilidade que nos faz nos reconhecermos uns aos outros.
Se você possui queixo de vidro na música, e no primeiro golpe já se despedaça, você jamais chegará a lugar nenhum.
É preciso ter queixo de aço, levar a pancada, cair e levantar, sempre. Isso para com o sax, ou para com a vida. Sem essa capacidade não haverá evolução jamais.
Nem tudo no mundo do sax são rosas, nem tudo na vida é compreensível e maravilhoso, há coisas ruins na vida, o sax também é um instrumento melindroso.
Haverá dias em que as coisas não vão dar certo em ambas as áreas, e se você não está disposto a seguir em frente mesmo assim, você nunca conseguirá nada na vida.
A estabilidade é fundamental para evoluir no saxofone, pra com o próprio sax, e para com a vida, este é um ponto, senão o mais importante, um dos fundamentais para certamente conseguir seguir em frente e vencer.
Conheça as aulas diretas com o professor Daniel Vissotto, certamente o caminho mais curto e mais rápido para conseguir seus objetivos no mundo do sax.
Vamos viver o sax, vamos evoluir no mundo do sax, há ainda mais fatores que poderíamos citar, mas isso tornaria este artigo muito comprido, certamente evitando estes fatores você terá a evolução que deseja.
Daniel Vissotto