Graves Aveludados no Saxofone

Desde os graves aveludados do mestre Coleman Hawkins, até os dias de hoje, esta técnica vem sendo muitíssimo praticada por muitos saxofonistas, inclusive eu mesmo. Mais presente no sax tenor, porém, igualmente possível nos demais saxofones da família, o subtone é alvo de desejo para alguns e de polêmica para outros.

Entendamos primeiro o que é o subtone, esta técnica importantíssima para a expressividade do saxofone, em muitos estilos essencial. A grande diferenciação que devemos ter neste momento é o que é o subtone em comparação com o full tone (o que chamamos de som real). Desta diferenciação retiraremos a plena compreensão do subtone e a técnica mais utilizada para produzi-lo.

É preciso saber que não há uma unanimidade a respeito da maneira de produzir o subtone, o que pretendo abordar aqui é a forma mais utilizada para tanto, de modo que, não devemos restringir a ponto de dizer que só dessa forma será o correto, mas com certeza esta é uma maneira acessível de o produzir.

É importante saber que, na minha concepção como na de muitos saxofonistas importantes do cenário musical, não há preferência para um em detrimento do outro, de forma que tudo depende do estilo e da música no qual o som será aplicado, é preciso compreender que as técnicas não são nada em si mesmas, o que vale de fato é a aplicação dessas técnicas no momento certo, no estilo certo, na música.

De fato, quanto mais versátil é o saxofonista, maior a sua gama de atuação musical, o mercado de trabalho, e a execução do saxofone em si mesma, exigem que o músico tenha uma versatilidade suficiente para se adequar a qualquer estilo, qualquer situação, e para tanto é preciso conhecer, dominar e executar as duas técnicas, seja o subtone, seja o som real.

Falando de forma objetiva, temos que o som real do sax é aquele que preza pela preservação de todos os harmônicos das notas graves, nele não há uma alteração significativa da embocadura, o timbre é mantido em sua homogeneidade com as demais regiões do saxofone, o que se modifica na região grave quando fazemos o som real é a pressão aérea, o ar vem com maior velocidade.

É de se notar também que a resposta de articulação (golpe de língua para produção sonora) é sempre mais precisa no som real, sempre que estamos dentro de um estilo que exige uma articulação imediata, um som mais brilhante e poderoso, uma presença mais pronunciada, de resposta rápida, devemos dar privilégio ao som real em detrimento do subtone.

Já o som subtonado, é um som mais sensual, mais suave, mais difuso e mais esfumaçado. É importante de se notar que o subtone é uma técnica para notas graves, não faz sentido falarmos de subtone nos agudos, de forma que deve ser aplicada em média do sol sem registro para baixo na tessitura do saxofone.

Sempre que precisamos de um som mais calmo, mais tranquilo, mais lento, sempre que queremos trazer um tom mais aveludado e aerado ao som dos graves do saxofone, produzindo assim uma aura diferente do som, um som menos cheio, mais sutil, geralmente aplicado em músicas menos rápidas como por exemplo em baladas, utilizamos o som subtonado.

Geralmente quem consegue fazer o subtone tem capacidade de fazer o som real, já o contrário é mais difícil, de forma que o que devemos entender aqui é a técnica utilizada para produzir o subtone, passaremos sim pela produção do som real, porém, sempre voltados para o prisma do som subtonado, no sentido de ensinar a produzi-lo e praticá-lo.

Uma maneira de descobrir o subtone é relaxar completamente a embocadura, e assoprar a boquilha somente com o ar, no sentido de ainda não produzir som algum que não seja o som do próprio ar. Depois disso, deslocando a mandíbula um pouco para trás, trazendo-a para mais para a ponta da palheta, produzindo um ar mais lento, começamos, ao tencionar pouco a pouco a mandíbula, aos poucos se ouvirá um som grave misturado com o ar, uma nota suave, esse som é o subtone.

O subtone é produzido sem a pressão direta do dente inferior através do lábio na palheta, tudo fica completamente tranquilo, relaxando os músculos da face e do corpo, o queixo dá uma leve recuada para trás, o lábio inferior vai para a ponta da palheta quase sem pressão alguma, quanto mais grave mais próximo da ponta estará, a cavidade bucal aumenta, produzindo a vogal ÔH, a velocidade do ar diminui consideravelmente, e não há necessidade da língua para ativar o som.

É fundamental conhecermos que o setup ajuda na produção do subtone, uma palheta muito dura não favorecerá essa técnica, uma boquilha muito aberta também a tornará mais difícil, uma boquilha com rampa muito acentuada igualmente dificultará a produção do subtone. Outra coisa que certamente impedirá definitivamente o subtone é o vazamento, instrumentos que não estão bem vedados não conseguem produzir o som subtonado e nem os graves de uma forma geral.

O saxofone conserva sonoridades diferentes para situações diferentes, o verdadeiro saxofonista tem de estar preparado para qualquer situação, para qualquer estilo, para qualquer música. A técnica do subtone além de essencial enriquece essa gama de nuanças e cores sonoras do saxofone, a história mostra como muitos saxofonistas utilizaram essa técnica com grande sucesso.

O importante mesmo é não viciar em nenhum dos dois tipos de sonoridade, ter a capacidade de produzir ambos com facilidade, não fazer somente o som real, e nem somente o som subtonado, é preciso ter consciência de que ambos são importantes para contribuir ainda mais para a magia do saxofone.

Daniel Vissotto

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