Assoprar o sax pode ser um mistério para muitos.
Como direcionar o ar para este instrumento mágico?
Afinal de contas o saxofone é movido a ar, de forma que pouco nos adianta possuir todas as escalas, harpejos, frases, músicas, exercícios etc. debaixo dos dedos, se não temos ar para tocar.
Diferentemente de um piano, o saxofone está limitado pela distância musical de um sopro, sendo esse sopro pequeno, a limitação será grande, sendo esse sopro grande a limitação será menor.
Embora uma frase no piano possa durar quase que de maneira perene durante toda a música, no saxofone não é assim, o saxofone precisa respirar para tocar, de forma que sua frase está limitada por seu sopro.
A Capacidade Pulmonar
Aumentar a capacidade pulmonar do saxofonista também é aumentar sua expressividade musical, de forma que essa é uma dos mais importantes ingredientes do sopro do saxofone.
Nem é preciso dizer que é importantíssimo para todos nós saxofonistas nos exercitarmos fisicamente para tocar saxofone, exercícios físicos aeróbicos mesmo, como esteira, caminhada, natação, corrida, etc.
Isso nos trará o primeiro e mais primitivo ingrediente para podermos tocar o saxofone como deve ser. A saber, a capacidade pulmonar, a capacidade de armazenar e impulsionar o ar para dentro do saxofone.
O que é capacidade pulmonar? Temos que a respiração humana é feita por músculos, estes músculos podem se desenvolver ou não, dependendo do uso. Pessoas muito sedentárias são propensas a pouca capacidade pulmonar.
Isso vai reverter na tocabilidade do instrumento. Por exemplo, notas graves exigem mais ar, consomem mais ar, de forma que naturalmente precisamos de uma quantidade de ar maior para perdurar uma nota grave.
De forma que uma pessoa sem capacidade pulmonar certamente estará prejudicada neste aspecto, e necessitará desenvolver essa capacidade sob todos os seus aspectos, tanto no estudo com o sax, como sem ele.
O Curso Viva o Sax Básico tem essa preocupação, e na parte de preparação do músico para os estudos musicais, coloca como primordial os exercícios físicos.
Capacidade Pulmonar vs Controle do Ar
Mas capacidade pulmonar não é tudo no saxofone, pelo contrário, é apenas o começo. Não é assoprando o saxofone com todas as forças que conseguiremos um som pujante e encorpado de sax.
Enganam-se em muito os que pensam dessa forma. Ter capacidade pulmonar reflete em quantidade de ar, mas não no controle do mesmo, de forma que pouco importa ter a quantidade de ar se não temos o controle deste elemento.
Às vezes a quantidade de ar embriaga o saxofonista e a incapacidade de controlar o mesmo faz com que muita quantidade ingerida em meio a uma execução seja até mesmo negativa.
É muito mais importante para o saxofonista controlar o ar do que conseguir sugar e impulsionar para dentro do instrumento uma grande quantidade de ar.
De forma que nos é necessário neste momento, impor um novo conceito para o controle do ar no nosso instrumento favorito, a saber, a pressão aérea.
Para entendermos o conceito de pressão devemos recorrer a uma metáfora. E lá vamos nós para mais uma história de minha infância.
Quantidade vs Pressão Aérea
Quando era pequeno, meu pai me colocava para lavar o seu carro, e me lembro que gostava muito dessa atividade, me era disponível uma mangueira d’água, um balde, e sabão.
Se eu pegar um balde e jogar toda a água do balde no carro, eu estarei lançando sobre o carro uma grandiosa quantidade de água, porém, sem nenhuma pressão.
Já com a mangueira, e com o auxílio de um dedo na sua ponta, conseguirei, com menos água, lançar sobre o carro uma pressão mais constante, e mais duradoura de água.
Uma das características da pressão aérea é que ela dura no tempo, não é preciso grandes quantidades de ar para produzir pressão, e com pressão podemos fazer o som durar no tempo.
Muitas das vezes o saxofonista faz frases extremamente longas, com pouco ar, e muita pressão aérea, de forma que uma grandiosa quantidade de ar nessas situações pode até mesmo ser negativa.
É preciso saber controlar a pressão aérea do ar no saxofone, sem isso, utilizando-nos apenas de quantidade de ar, estaremos lançando baldes de ar no saxofone, um som feio, rasgado, aberto, será o fruto de nosso esforço.
Porém, o som proveniente da pressão controlada do ar, seja ele com grande quantidade ou pouca, será belo, encorpado, esculpido, e pujante, ou seja, um som mágico de saxofone.
É preciso saber produzir o som no saxofone com pressão, e a pressão é proporcionada pelo saxofonista ao som através do apoio do diafragma.
Respiração Abdominal
Ora, o diafragma é um músculo involuntário, de forma que ninguém conseguirá localizá-lo em seu corpo, pois não temos o controle de seus movimentos de maneira direta.
O diafragma é controlado por outro músculo, a saber, os músculos do abdômen, ou seja, músculos abdominais e intercostais.
Considero até mesmo estranha a expressão respiração diafragmática, falo porque muitos se confundem procurando o tal diafragma quando não é possível o encontrar.
É preciso sim, para produzir pressão no saxofone, utilizarmos os músculos do abdômen no controle do ar. Não é uma questão de apertar ou não a embocadura.
A pressão aérea não possui participação da embocadura em sua concepção, pelo contrário, a pressão aérea se produz pelo enrijecer dos músculos do abdômen, e pelo controle dos mesmos para com o expirar.
Ao inspirarmos o ar, devemos levá-lo para a região inferior do pulmão, expandindo os músculos do abdômen, contraindo assim involuntariamente o diafragma e aumentando o tamanho do pulmão.
Isso faz com que mais ar seja trazido para dentro, e mais, além de maior quantidade, há muitíssimo maior controle, pois a quantidade não é o fundamental, mas o controle do ar que se tem.
A pressão se dá exclusivamente pelos músculos intercostais e abdominais, que controlam a saída do ar de maneira a produzir uma coluna estável, seja ela com grande quantidade de ar ou pouca.
Essa coluna estável de ar certamente terá uma duração muitíssimo maior do que se estivéssemos produzindo ar somente por quantidade sem pressão.
Resumindo, a pressão se dá pelo apoio dos músculos do abdômen, esse é o objetivo principal a ser cultivado quando assopramos no saxofone.
A Importância da Pressão no Sopro
Soltar todo o ar no saxofone, é como bafejar, é algo que trará um som feio e descontrolado; controlar o ar e produzir pressão aérea, é algo que trará um som controlado, belo e encorpado, um som pujante de saxofone.
A pressão produz durabilidade e estabilidade da coluna de ar. Não é possível produzir notas graves e agudas (os extremos do sax) sem estabilidade de coluna de ar.
A quantidade de ar por si só, feita sem pressão, nada produz para com o saxofone, a não ser dificuldades de manter a sonoridade, pouca durabilidade da coluna de ar, e baixo rendimento musical.
Pressão com quantidade é o mesmo que mais intensidade de som, pressão sem quantidade é o mesmo que tocar piano, ou seja, tocar com menos intensidade.
A pressão é o fator da estabilidade, da durabilidade, da constância, da extensão da coluna de ar no instrumento. A quantidade associada à pressão é o mesmo que mais ou menos intensidade.
De sorte que a capacidade pulmonar reverte, através da pressão em alcance, no sentido de ter uma projeção maior do som, ser ouvido por um raio de ação sonora maior.
Muitos têm pouca capacidade pulmonar, e produzem um som baixo, pouco penetrante. Porém, embora a capacidade pulmonar seja importante, e também a quantidade de ar, o mais importante para o saxofonista é a pressão.
Saber produzir pressão de ar no saxofone, seja com grandes ou poucas quantidades de ar, é o segredo para tocar bem. Respirou bem, assoprou bem, tocou bem.
Há também no Curso Viva o Sax Básico, a preocupação que saxofonista produza exercícios de controle da coluna de ar, desde explicações sobre a respiração diafragmática, bem como exercícios para seu desenvolvimento.
Um curso confiável para que você entre com o pé direito no mundo do sax, de maneira divertida e eficaz. Vale a pena conferir.
Daniel Vissotto