Como melhorar o seu som de saxofone? Independente do estágio em que estejamos no saxofone uma coisa é regra, todos, sem exceção querem melhorar o seu som de sax. Muitos já possuem muitos anos de aprendizado, e ainda não encontraram um som satisfatório, o tão sonhado e mágico som do sax.
É por isso que venho trazer este texto que visa por um ponto final no som de iniciante que ronda nossas execuções nos assombrando em todos os sentidos, promovendo assim um processo virtuoso que, no seu final, nos traga a sonoridade contagiante deste instrumento.
Um texto que não é uma fórmula mágica e imediata, mas que traz sugestões poderosas que podem fazer com que nosso som se modifique e adquira um novo nível. Ele propõe um processo de mudança cujo sucesso é inevitável e comprovado.
Fatores que Melhoram Nosso Som
Os fatores que melhoram nosso som estão todos eles intimamente ligados às seguintes áreas do saxofone: embocadura, afinação, coluna de ar, flexibilidade, referências e setup. É nesses ítens que poderemos encontrar o caminho para um som mais próprio de sax.
A Embocadura do Sax
O primeiro fator é a embocadura. Na embocadura predominam o trabalho dos músculos da face, uma embocadura formada é aquela que alcança a tonicidade desses músculos o que permite a firmeza da forma, que produz a regularidade e embelezamento sonoro do timbre do sax.
Tudo o que se toque no saxofone aprimora a embocadura, porém, o exercício mais recomendado para o trabalho da musculatura da face é o tradicional e universal exercício de notas longas.
Porque nos traz a necessidade do trabalho intrínseco da homogeneidade do som, e do domínio do mesmo tanto no decorrer de uma só nota, quanto em todas as regiões do saxofone.
A Afinação do Saxofone
Indo mais à frente, temos a afinação. Primeiro de tudo temos de desenvolver a capacidade auditiva para afinar o instrumento não por vista (por meio de um afinador eletrônico), mas por ouvido na comparação sonora do som do saxofone com outro som.
As técnicas de afinação são importantes para podermos ter um som afinado, ninguém suporta um saxofone tocado fora de afinação. É preciso se acostumar, desde o momento em que temos embocadura suficiente para firmar uma nota, a afinar o som.
Afina-se o saxofone consigo mesmo (através de intervalos), ou com outra referência sonora, por sobreposição de notas, primeiro por meio da posição da boquilha no tudel e depois pelo posicionamento da embocadura (pela consciência da afinação de cada nota do saxofone).
A Respiração como um Fator Fundamental
Um pouco mais à frente, já temos a respiração e o controle da coluna de ar. É preciso desenvolver o controle do sopro, da pressão e quantidade de ar, a expansão da capacidade pulmonar por meio do que chamamos de prática da respiração diafragmática.
Localizar onde se dá essa respiração é fundamental, ou seja, pela parte debaixo do pulmão, na utilização do músculo do diafragma, e também pelo controle dos músculos abdominais e intercostais, na formação de uma leve barriga, controlando assim entrada de uma quantidade maior de ar e também a emissão aérea no toque do instrumento.
O ar vai para a região debaixo do tronco, e não para cima como na respiração comum, isso faz com que tenhamos maior quantidade de ar, maior controle da pressão aérea, e maior capacidade pulmonar para poder soar com um som mais firme e encorpado e com uma projeção maior.
Notas longas também são importantes para o desenvolvimento da afinação e da coluna de ar, porém, quanto à coluna de ar, podem ser utilizados também exercícios de escalas, harpejos, e frases ligadas de longa duração, que exigem grande quantidade de ar, e certamente desenvolverão a capacidade pulmonar.
Exercícios de Flexibilidade para o Saxofonista
Exercícios de flexibilidade são importantes, primeiro com a boquilha, depois com o tudel e posteriormente com o próprio saxofone. Serão exercícios que forçarão a utilização do que chamamos de voicings, vocalizes, ou a própria flexibilidade.
Isso diz respeito a tudo o que está atrás da embocadura mesma, como por exemplo a posição e participação fundamental da língua no processo de feitura do som em cada região do sax, a abertura e fechamento da cavidade bucal, o palato mole, e também a posição da glote entre outros fatores.
Basicamente o saxofonista deve projetar a diminuição da cavidade bucal nas notas mais agudas, por meio da pronúncia surda da sílaba IH… na região aguda, já na região central seria o mais próximo da sílaba EH… e na região grave, deve aumentar essa cavidade, por meio do AH… ou ainda o OH… o que projetará o som para regiões mais graves facilitando sua produção.
É preciso ter consciência da importância da participação destes fatores de flexibilidade, para tanto, exercícios com a boquilha sozinha, bem como com o tudel, na produção de sons mais graves ou agudos com o uso de uma referência externa, e também exercícios de harmônicos a partir do chaveamento de sons fundamentais da região mais grave como o Bb, o B e também o C são importantes.
A embocadura e a flexibilidade também trabalham o timbre; pequenas alterações de embocadura, como por exemplo a pressão do lábio inferior, da posição da boquilha na boca, e também da flexibilidade da garganta etc. podem promover variações grandiosas no timbre do saxofone, por isso a embocadura e a flexibilidade sempre serão um laboratório de experimentos para a busca de uma sonoridade melhor.
A Importância das Referências
Para tanto, para melhorar o som do saxofone, precisamos conhecer a fundo a linguagem do sax, ouvir muitos saxofonistas, conhecer as variações e nuanças do timbre desse instrumento. É ouvindo referências que aprendemos a falar a linguagem do sax, tanto em termos sonoros quanto em termos de fraseado e tudo o mais.
Para buscar um som melhor, devemos ter consciência de que som estamos buscando, para assim podermos ter uma meta definida a ser conquistada. O som do saxofone e sua linguagem só se conhece ouvindo, quem não ouve saxofone jamais vai conseguir moldar seu som para melhor.
A Questão do Setup
Por último temos o setup. Não é à toa que uns escolhem boquilhas de metal, e outros escolhem boquilhas de massa. Facilita-se em muito a produção de determinado timbre se tivermos o equipamento ideal para tanto.
Um saxofone bem regulado e vedado, certamente também melhorará o som, e facilitará a conquista do domínio deste instrumento, pois não estaremos brigando com o instrumento pensando que o problema está em nós, quando o problema está no setup.
Esses pontos são trabalhados no Curso Viva o Sax Básico, no qual ensino iniciantes, e saxofonistas que estão começando do zero os passos para uma sonoridade agradável e envolvente no sax vindo assim a encontrar o caminho para melhorar o som do saxofone. Seguindo essas diretrizes projetei as aulas do curso que as colocam em prática.
Privilegiando essas diretrizes e seguindo esses passos, estaremos certamente no caminho inevitável de um som melhor, o que certamente não é da noite para o dia, mas que aporta no momento em que fazemos a trilha correta.
O caminho para um som melhor certamente passa pelo processo dessa busca.
Daniel Vissotto