O que São Padrões?
Muitos me perguntam como formar frases com padrões, porém, é preciso saber o que são padrões antes de responder essa questão.
Padrões são pequenas idéias musicais, formadas de mais ou menos quatro ou cinco notas que se repetem em algum sentido, seriam uma espécie de motivo muito curto, que é desenvolvido ao longo de uma estrutura.
O cérebro do ouvinte entende o que está acontecendo porque o que estamos fazendo faz menção de si mesmo, e desenvolve o que está sendo feito com coerência, com repetição de algo, e acréscimo de algo novo.
Faz parte do nexo musical, os padrões se referirem uns ao outros de acordo com sua execução, não numa repetição pura e simples, mas numa repetição que se dá sob algum aspecto.
Por exemplo um padrão que repete o aspecto do desenho melódico e o ritmo, apesar de alturas musicais diferentes, e se dá ao longo de uma estrutura específica.
O que São Estruturas?
Não é possível também saber como formar frases com padrões se não soubermos o que são estruturas musicais. Vamos aprender esse conceito.
Estruturas são junções selecionadas de notas regulares pré-definidas, como por exemplo uma escala, um arpejo, uma tríade, uma tétrade, uma extensão, e assim por diante, e também podem ser misturadas entre si.
As estruturas não devem ser estudadas pura e simplesmente nelas mesmas, mas de diversas formas diferentes. Numa música quase nunca temos a manifestação de uma estrutura pura, mas de uma estrutura com uma roupagem musical.
Precisamos sim estudar num primeiro instante a estrutura nela mesma, porém, depois disso o estudo deve se dirigir para a transformação disso em música, caso contrário jamais conseguiremos aplicar o que estudamos e esse estudo será nulo.
Uma das formas de se estudar as estruturas é por meio de padrões, visando com isso a construção de frases musicais, por meio das quais possamos expressar em música nossos sentimentos.
O que é Harmonia para o Saxofonista?
Um outro ponto para sabermos como formar frases com padrões musicais é a essencial compreensão do conceito de harmonia, sem isso não será possível saber.
Toda frase musical (que pertence ao campo da melodia) se baseia num ritmo e também numa harmonia. As notas musicais na música ocidental não são gratuitas, mas possuem uma razão de ser e a fonte de sentido para tais notas é a harmonia.
Não é qualquer nota que soará bem em qualquer ponto da música, há notas específicas que soam melhor, e construções definidas que farão com que a frase soe bem, e soe dentro, o que é fundamental para a percepção de quem ouve.
A melodia é o reino da sucessividade, uma nota após a outra, como nos saltos de um coelho. As notas se sucedem em ritmo definito, porém, nunca juntas, ganhando assim um sentido melódico que expressa um sentimento.
O ritmo já está relacionado às batidas não afinadas que definem uma cadência temporal para a música em questão, também está presente na melodia prevendo quando as notas estarão soando e certamente também presente na harmonia, trazendo uma temporalidade aos acordes.
Já a harmonia, conceito tardio (séc. XVII) diz respeito àquilo que está relacionado à simultaneidade das notas, dentro das estruturas verticais, as tríades, as tétrades, as extensões, as progressões harmônicas em geral.
Lembrando sempre que o horizontal é o melódico e sucessivo, o vertical é o harmônico e o simultâneo. Há uma temporalidade para ambas as linhas, seja vertical ou horizontal, e também para o ritmo em si mesmo de forma geral.
Lembrando sempre que como o ritmo está onipresente na música, ele é o elemento mais importante de toda execução musical, e principalmente para a improvisação, pois é através dele que as idéias musicais se expressam sempre.
O que São Acordes para o Saxofonista?
Acordes são estruturas verticais, formadas por tríades, tétrades, extensões etc. A formação dos acordes mais comum e mais presente é a das terças sobrepostas, que soam simultaneamente definindo a harmonia da música.
Em sua generalidade os acordes são formados pelas escalas, através do que chamamos de campo harmônico dos acordes. Por exemplo a escala maior tem um campo harmônico formado por sete acordes, cada um com sua raiz em uma das notas da escala.
A partir da raiz, por sobreposição de terças, formamos os acordes. E o conjunto de acordes traz a idéia de campo harmônico, ou seja, os acordes formados por uma mesma escala, que soam bem com a mesma, independente de quais sejam.
Na música tonal, onde predominam notas e acordes de um mesmo campo harmônico, há diversos momentos em que o raciocínio da música, em melodia e harmonia, se expressa através de uma mesma escala, às vezes mais extensos, às vezes menos.
Dependendo da variabilidade harmônica da música teremos o campo harmônico absoluto ou parte predominante da música no campo harmônico, ou ainda partes da música trazidas de outro campo harmônico modulado por algum tempo, ou seja, vindos de outra escala ou tom.
São nestes momentos em que os acordes predominam sob o mando de um mesmo campo harmônico, seja o campo predominante da música, ou algo que se manifeste em algum momento mais extenso, que fazemos uso dos padrões musicais.
Falo isso porque nesses momentos, se há mais de um acorde, todos eles estão em congruência com uma mesma escala, ou estrutura se preferir. De forma que o padrão pode ser utilizado e abusado dentro desse período sem medo.
Como Aplicar os Padrões os Transformando em Frases
Ao predominar um campo harmônico qualquer temos a oportunidade de pensar todos os acordes que estão soando no trecho musical como pertencentes à mesma escala, e intuitivamente utilizamos a escala em questão para nos expressar durante todo o tempo.
Outra forma de se pensar o campo harmônico é trazendo pra si a idéia de acorde por acorde, nesse momento o raciocínio vai para a função de cada nota em cada acorde que soa. Porém, mesmo aqui o padrão deve e pode ser aplicado.
Nesses momentos onde predomina o campo harmônico majoritário ou um campo harmônico de uma escala qualquer, embora não sejam os únicos momentos, são os espaços preferidos dos usos dos padrões musicais como frases.
É preciso misturar um pouco as coisas para que o padrão receba feição de frase e não de padrão propriamente dito. Se começamos com um padrão de 4×4, ou seja, uma escala feita de quatro notas em quatro notas, subindo na altura da mesma devemos finalizar o padrão com algo que traga uma novidade.
É preciso disfarçar ou o início, ou o meio, ou o fim do padrão ou mais dessas coisas juntas, com algo diferente, algo frasal, musical, espontâneo, e fazendo assim teremos uma frase musical construída com um padrão.
Em alguns momentos somente o padrão já da conta da construção frasal, mas de fato, a maneira mais fácil de se dar sentido musical a um padrão é disfarçá-lo em algum ponto, com algo diferente dele para torná-lo algo de espontâneo.
Raciocinando a Intuição
Quando os acordes soam dentro de um campo harmônico específico, e uma só escala, estrutura, predomina, ainda que tenha diferentes funções para diferentes acordes, podemos raciocinar a nossa intuição em função de notas de passagem, tempos fortes, e notas de repouso.
O grau de proximidade para com o acorde que está em vigor naquele trecho temporal, acontece primeiro com as notas de repouso, depois os tempos fortes, e por último as notas de passagem, além das aproximações.
É muito importante que as notas de repouso (notas alvo) façam sentido harmônico com o acorde que estão vigorando, os tempos fortes possuem importância, mas não tão grande quanto as notas de repouso.
Se conseguirmos trazer sentido harmônico para os tempos fortes, a frase soará dentro e bem, além da contextualização da frase que precisa fazer nexo com o impulso de expressão artística que vem sendo construído.
Já as notas de passagem devem predominantemente soar dentro da escala que dá origem ao campo harmônico que está em voga, ou algo muito próximo disso, se elas abandonarem muito essa finalidade não conseguiremos harmonizar.
Por último as aproximações, geralmente postas em tempos fracos, ou em momentos propositalmente dissonantes, estas podem acontecer de qualquer maneira, desde que pertençam ao raciocínio em curso.
O que é Mais Importante na Música
O mais importante não é o que é feito, mas o efeito do que é feito. A impressão, o impacto que o que fazemos causa no ouvinte sempre será o mais importante, afinal de contas música é comunicação.
Caso você queira se aprofundar neste assunto, marque uma aula direta com a mentoria do professor, certamente, independente do seu instrumento, em interpretação e improvisação estará em boas mãos.
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Daniel Vissotto