Como Fazer o Glissando no Saxofone

O saxofone é um dos instrumentos mais sensuais e sedutores que há no cenário musical, e sem dúvida nenhuma o ornamento do saxofone chamado glissando é o mais sensual de todos os ornamentos.

Seu som envolvente é algo que enfeitiça e hipnotiza quem ouve, de forma que prende a atenção e atrai, é preciso saber como fazer o glissando no sax.

Se pudermos eleger o mais sensual e sedutor dos instrumentos, o instrumento que logo nos vem à mente, o instrumento que teremos em mira é o saxofone.

O saxofone, tão sensual e sedutor quanto Jessica Rabbit
Jessica Rabbit da Disney

Glissando vem de glisser, termo que vem do Francês significando em si mesmo, deslizar. Ou seja, quando deslizamos no saxofone de uma nota a outra, estamos fazendo um glissando.

Há diversas técnicas envolvidas no glissando, a primeira delas é motora, a segunda é de embocadura, e a última é o voicing.

Vamos ver aos poucos como fazer esse efeito maravilhoso que deslumbra quem ouve o saxofone, aos poucos vou conduzindo você de um ponto a outro, num passo a passo que vai te revelar o glissando.

Desfazendo Confusões sobre o Glissando

Antes de mais nada o glissando é um ornamento diferente do fall off. Muitos confundem tudo com glissando, mas fall off é uma coisa e glissando é outra.

A diferença consiste em que o glissando no saxofone e em todos os instrumentos sempre atinge uma nota definida, esteja ele partindo de uma nota definida ou não, ele sempre desemboca numa nota específica.

Já o fall off, está sempre saindo de uma nota e atingindo o indeterminado, ou seja, ele não tem nota definida para acabar, de forma que desemboca em lugar nenhum, apagando-se num fade out aos poucos.

Neste artigo veremos o glissando, como sair de uma nota definida e atingir outra nota definida, ou ainda sair do indefinido para atingir uma nota definida, seja na posição ascendente, ou descendente.

A Temporalidade do Glissando

Primeiro de tudo devemos saber que a segunda nota do glissando, a nota que poderíamos chamar de nota alvejada, é uma nota cuja temporalidade não é afetada.

A temporalidade afetada sempre é da nota anterior, esteja ela acima (glissando descendente) ou abaixo (glissando ascendente) da segunda nota. Ou ainda, a pausa da qual o glissando que parte do indefinido vem.

É preciso fazer o glissando no saxofone com o tempo certo.
O Tempo Certo do Glissando

Lembrando brevemente que glissando pode partir de uma nota definida, ou de um ponto indefinido anotado mais ou menos pelo símbolo da linha ondulada, ou seja, onde essa linha começar, é mais ou menos ali que começaria o glissando.

Quando digo que a nota anterior, ou a pausa anterior tem sua temporalidade afetada, quero dizer que o glissando acontece no final de seus tempos, ou entre o seu tempo e a nota seguinte, que é quase sempre atacada na cabeça de sua temporalidade.

Devemos conservar o glissando na duração da nota real anterior e evitando que ele invada a temporalidade da nota na qual ele desemboca, dessa forma estaremos fazendo o glissando da maneira correta.

As Escalas que Utilizamos no Glissando do Saxofone

Quanto às notas do glissando, quais notas produzir para ligar uma nota à outra, ou seja, qual a escala que vamos utilizar para produzir o efeito do glissando no saxofone?

Há várias possibilidades, mas geralmente o glissando é feito a partir da escala diatônica ou ainda da escala cromática.

Na escala diatônica (a escala do tom da música em questão), o glissando terá menos detalhes, será feito de maneira mais rápida, e poderá ter menos efeito.

Na escala cromática (a escala de meio em meio tom), o glissando terá mais detalhes, demorará mais para acontecer, e terá mais efeito.

A pergunta que se faz é: quando usar uma ou outra? Eu procuro sempre utilizar a escala cromática, mas isso não quer dizer que o glissando com a escala diatônica não possa ser feito.

Na verdade, quando a distância entre o início e a nota final do glissando é menor, como por exemplo uma sexta, ou um intervalo menor do que isso, certamente teremos de utilizar a escala cromática, pois quanto menor a distância maior a necessidade de que utilizemos uma escala mais detalhada.

Já quando a distância de uma nota a outra é muito grande, uma oitava, ou mais, por exemplo, é interessante utilizar a escala cromática (se tiver técnica pra isso) ou podemos ainda tentar a escala diatônica, pois, numa grande distância ela pode fazer um efeito muito semelhante.

Por ser de mais fácil execução, no início a escala diatônica pode ser uma boa opção, porém, a verdade sempre será a de que o glissando, feito de maneira limpa, com a escala cromática agindo, sempre será mais interessante e envolvente.

O Uso dos Voicings no Glissando do Saxofone

Em paralelo com a técnica da digitação das escalas, temos o uso do voicing correto, a saber, precisamos acompanhar a altura das notas com o voicing.

Se partirmos da região grave, e formos atingir a região média, devemos fazer um progressivo voicing do Ah/Oh ao Eh, de acordo com a região que estamos tocando.

Se partirmos do grave para o agudo, sairemos do Ah/Oh para o Eh e chegaremos no Ih. Mas por quê faríamos isso para fazer o glissando? Para fazer com que, principalmente, a língua acompanhe o movimento de subida ou decida.

Principalmente no glissando de maior envergadura, ou seja, os que possuem maior distância entre suas notas de partida e de chegada, é muito importante acompanhar com o voicing a saída e a chegada da nota.

Isso irá moldar o som do glissando para que ele se torne ainda mais gradativo, ainda mais envolvente, ainda mais sensual.

A Embocadura e o Glissando

Outro recurso que podemos utilizar para ajudar na execução do glissando é utilizarmo-nos de uma pequena variação de embocadura.

Afrouxando um pouco a embocadura durante o glissando e, no seu final, retornando bem lentamente para à posição normal, isso fará com que o glissando se torne mais insinuante, e trará um pouco mais de espaço para sua execução.

O glissando é um ornamento, e tem seu efeito. O efeito do glissando é algo de sedutor, sensual, certamente precisamos aprender a fazer esse ornamento e para tanto vamos transmitir alguns exercícios que podemos fazer para aprendê-lo.

Como Estudar o Glissando no Saxofone

A primeira coisa que precisamos para fazer bem o glissando é treinar as escalas, as escalas diatônicas maiores principalmente, devem estar muito debaixo de nossos dedos.

Mas principalmente a escala cromática, ela deve fluir sem impedimentos, pois se houver sujeira na execução da escala, o glissando será prejudicado.

O ideal é pegar um metrônomo, e fazer as escalas bem devagar, limpar e compreender cada detalhe das escalas, a ponto de conseguir fazê-las sem erros.

Depois disso, dominada essa etapa, fazê-las aumentando sua velocidade, aos poucos, até atingir uma velocidade absurda, que poderá sim ser utilizada no glissando.

Esse é o primeiro exercício que precisamos fazer para conseguir executar o glissando, a saber, estudar as escalas bem, dominar as escalas muito bem, e principalmente a escala cromática.

Esse estudo não acontece da noite para o dia, é uma coisa gradativa, precisamos nos acostumar com as escalas, não é numa tarde que iremos nos acostumar e dominar as escalas, novamente insisto o saxofone não se aprende da noite para o dia.

É a prática distribuída, durante um mês ou dois, que nos trará, dependendo do nível em que nos encontrarmos a capacidade de executar a escala cromática na velocidade e limpeza necessárias para produzir o glissando.

A Coordenação Motora dos Voicings e da Embocadura

Depois disso é preciso aprender o recurso do voicing no saxofone, entender como se fazer e por qual motivo. A cavidade oral tem profunda influência na afinação das notas, e o glissando exige que utilizemo-nos de uma alteração de afinação.

O voicing faz com que a alteração de afinação de uma nota para outra na escala se dê de maneira mais gradativa e mais envolvente, é preciso aprender a fazer a escala e o voicing ao mesmo tempo, da maneira correta, e na região correta.

Para tanto precisamos fazer a escala e o voicing ao mesmo tempo, treinar a coordenação para tanto, até que consigamos fazer isso sem pensar, sem nos preocupar com uma coisa nem outra, e o efeito aconteça naturalmente.

Por último precisamos treinar, várias vezes a flexibilização da embocadura, afrouxando a mesma, deixando, no glissando o som meio frouxo, para que ele aconteça de maneira mais solta, mais envolvente, e por último, no final da escala, voltando devagar, a embocadura para sua posição original, produzindo assim, até mesmo uma espécie de complemento final ao glissando.

Todos esses efeitos devem ser coordenados juntos, num só ato, e no tempo exato para que possamos transitar de uma nota pra outra nos encaixando na temporalidade da música sem nos perdermos.

Fazer várias vezes, várias situações de glissando, nos ajudarão aos poucos a nos posicionar cada vez melhor em relação a elas, de forma que vamos assim alcançando a coordenação motora suficiente para produzir tudo isso de maneira natural.

Saiba Onde Fazer o Glissando na Prática

Por último é importante saber quando fazer o glissando, nem sempre ele vem escrito, e podemos nos utilizar deste ornamento na música popular ainda que ele não venha plenamente explicitado.

Para responder essa questão devemos saber que não há uma regra exata de onde fazer o glissando.

Devemos saber que a primeira coisa a se pensar é que muito glissando também queima o efeito, de forma que se torna cansativo.

É preciso ter comedimento, temperança, tornar o glissando algo de especial, e não uma coisa corriqueira, banal. Para tanto precisamos saber fazer o glissando quando ele é pertinente.

Geralmente situações onde há uma nota inferior um pouco mais longa, que parte diretamente para uma nota superior (ou o inverso) um pouco mais longa são as situações mais comuns do glissando.

Mas isso não impede que o façamos o glissando em outras situações, às vezes ele fica bem em distâncias curtas. Intervalos de quartas, e até mesmo de terças.

O ideal é que se construa a interpretação, com o glissando, com coerência, não uma interpretação Frankstein, ou seja, uma coisa que nada tenha a ver com outra.

Se nos referimos a ele num determinado momento da música, devemos ter coerência para fazê-lo também em outro momento semelhante, ou seja, confirmando a primeira vez que foi feita com uma segunda vez.

E assim por diante. Construindo uma interpretação coerente, e não uma colcha de retalhos de ornamentos que não dialogam entre si.

Sem dúvida nenhuma o glissando é um dos efeitos de maior monta nos saxofone, e tem o poder de seduzir quem ouve. Precisamos dominá-lo para a plenitude da magia do sax.

Para você que quer aprender mais sobre interpretação no saxofone, como fazer ornamentos e como embelezar suas melodias, eu aconselho aulas diretas de saxofone online com o professor.

Em havendo vagas, estarei de braços abertos para poder te ajudar nesse quesito.

Daniel Vissotto

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