Desenvolver ritmo musical é algo de obscuro para muitos, alguns entendem a rítmica como algo de nato, talvez até mesmo meio mágico que se dá em alguns poucos privilegiados. Mas o ritmo musical é algo que, de fato se desenvolve.
Pelo dicionário de Oxford, a palavra efêmero significa literalmente “aquilo que dura um dia”, no sentido de ser aquilo que é passageiro, aquilo que é transitório, temporário.
Quando contemplamos uma escultura, ou uma pintura num quadro, temos a oportunidade de contemplá-la no tempo e no espaço em todos os seus detalhes.
De forma que ao tirar o olho de uma escultura ou uma pintura e voltarmos o olho para ela, ela permanecerá lá ao nosso alcance, ela não se desfará.
A Música se dá Dentro do Ritmo
A música é uma arte diferente disso, ela é efêmera, é passageira, temporária, seria como se a música não estivesse no espaço, mas somente no tempo.
O tempo é o ambiente da música, pois ao deixarmos de prestar atenção numa música, e voltarmos para ela logo depois disso, não veremos mais a mesma música, mas um momento diferente.
Por isso, de todas as sete artes (arquitetura, escultura, pintura, música, dança, cinema e literatura), a mais efêmera de todas elas, sem dúvida alguma, é a música.
Ora, o tempo é uma duração, e como é medida a duração dentro do tempo musical senão por BPMs, ou seja, batidas por minuto? O tempo musical é medido por batidas por minuto, e assim temos as diferentes durações musicais.
E pelo quê são medidas as durações musicais na música? Pelo ritmo. É o ritmo que organiza essas durações, através de uma coisa chamada pulso, o pulso é medido por BPMs, e o ritmo é medido por pulsos, de forma que assim temos toda a organização temporal na música.
O ritmo seria um movimento regular e periódico no curso de um processo, no nosso caso a música, ou seja, o ritmo é aquilo que define o lugar das coisas na música, sem ele, a música se transforma em algo disforme e sem sentido.
Os Vícios Rítmicos dos Iniciantes
Saxofonistas iniciantes de uma forma geral não se preocupam muito em desenvolver o ritmo musical, acabam por se preocupar muito com a melodia, por ser o saxofone um instrumento melódico, poucos até mesmo conhecem o conceito de ritmo e harmonia.
Porém, a melodia, apesar de ser aquilo que dá o sentido principal do todo estético de uma música, na maior parte das vezes, não é o principal na trama musical, pois a melodia precisa do ritmo para existir, assim como a harmonia também.
O ritmo, por sua vez, tem existência independente, acontece com ou sem a participação da harmonia e da melodia, é um elemento musical autossuficiente, está em tudo, mas nem tudo está nele.
A melodia sem um ritmo definido não é uma melodia, senão um algo disforme e sem sentido, o mesmo acontece com a levada da harmonia, que precisa de ritmo para ser algo.
Porém, o ritmo sozinho se faz, e acontece de maneira definida, embora possa estar associado aos demais elementos da trama musical.
Isso indica que o ritmo, além de ser o ambiente onde se dá a música, e de ser o elemento que organiza a música em todos os sentidos, é um elemento autossuficiente, daí podermos sem correr o risco de errar dizer que ele é o mais importante.
Uma música com notas erradas, tocada no ritmo certo ainda fará sentido, uma música com notas certas tocadas no ritmo errado, não terá sentido algum, essa é a verdade. Daí o ritmo ser o mais importante de tudo.
Sendo a música uma arte que se dá de maneira efêmera no tempo, e sendo o ritmo o que ordena as coisas na temporalidade, temos que tudo na música é organizado pelo ritmo, e que sem o ritmo definitivamente não temos musicalidade.
O que ocorre na maioria das vezes é que os saxofonistas tocam as músicas desejadas numa espécie de rubato, ou seja, um ritmo indefinido, que tira tempo de uma nota para dar para outra.
Isso faz com que surjam tempos a mais, ou a menos, na música, uma temporalidade livre que permite que a música seja reconhecida com certa dificuldade, porém, que não permite jamais que o músico venha a dialogar e tocar com outros músicos.
A maioria das pessoas que aprendem saxofone pela internet, muitas das vezes, é caracterizada por pessoas que aprendem o sax sozinhos, e tocam muito sozinhos, isso faz com que assumam uma gama de dificuldades e vícios rítmicos tremenda.
Porém, a música não pode se realizar inteiramente dessa forma, e para que essa plena realização se dê, é preciso conhecermos não só a melodia, mas também a harmonia e o ritmo, e de todos estes o mais importante é o ritmo.
O Ritmo como uma Sensação Psicológica
A primeira coisa que precisamos saber para adquirir ritmo é que o ritmo é um sentimento, só o ritmo já é música. O ritmo não é formado exclusivamente de uma mesura de BPM, pelo contrário, o ritmo em si já expressa uma música, uma sensação humana.
Aos poucos vamos aprendendo a identificar essas sensações e jogar com elas, no sentido de expressá-las e de poder tocar com precisão esses sentimentos em nosso instrumento através do ritmo.
O ritmo se dá no ser humano através da percepção, ou seja, da mesmíssima forma que a altura das notas se percebe aos poucos contemplando os sons, o ritmo se adquire contemplando e absorvendo sua sensação.
Não é possível aprender o ritmo se não contemplamos muito o ritmo associado às melodias, à harmonia, e principalmente o ritmo em si mesmo, contemplado na sua inteireza e pureza.
Quando ouvimos as batidas de um coração, por exemplo, temos um sentimento específico diante disso, se essas batidas se apressam temos outro sentimento.
Esse sentimento associado a batidas, essa sensação que vamos conhecendo aos poucos, é o meio que temos de entender e viver o ritmo.
É Preciso Ouvir para Absorver Ritmo
É preciso tocar com ritmo, começar aos poucos, com melodias mais simples, com divisões musicais menos complexas, e ir, aos poucos, tornando a percepção mais e mais aguçada.
Para tanto, ouvir muito música é fundamental. Sentir o encaixe dos elementos musicais e tentar reproduzi-los ritmicamente através da percepção é um passo essencial, sem isso jamais conseguiremos desenvolver ritmo.
Aos poucos, vamos aprendendo a sentir, reproduzir, e também a dividir a música em pulsações. Com a consciência rítmica associada à percepção de todos esses elementos vamos aos poucos organizando a trama musical.
É preciso saber tocar com ritmo, tanto para a compreensão de uma melodia em si mesma, quanto para a execução de toda uma obra musical em sua completude.
É preciso desenvolver a percepção rítmica, ouvindo e imitando sons com o corpo (palmas, batidas no pé, com a boca etc.), é preciso procurar tocar com um metrônomo, tanto quanto sem ele.
Com o metrônomo para conseguir tocar com uma referência rítmica externa, no sentido de se encaixar nessa referência. E sem ele, no sentido de tocar com uma referência rítmica interna, para poder fazer com que as coisas se encaixem a você.
Estas duas habilidades são importantes no ritmo, tanto conseguir se encaixar com algo que está fora, quanto conseguir fazer com que o que está fora se encaixe com o que está dentro, liderar, puxar, no sentido, por exemplo, de um puxador de naipe.
Aos poucos vamos, por conscientização de pequenas células até estruturas mais complexas, absorvendo a consciência da matemática por detrás do ritmo. O que nos ajuda a organizar também a rítmica musical.
Atingindo com isso a plenitude da consciência rítmica que consiste em conseguir reproduzir estruturas rítmicas desde as mais simples às mais complexas com precisão, e por fim expressá-las matematicamente através das figuras temporais.
O Músico Completo
O músico completo conhece o conceito de melodia, ritmo e harmonia. O músico completo toca com ritmo e sem ele com a mesma facilidade. Ele tem consciência perfeita da matemática que há por detrás dos sons, tanto para reproduzir o que está já escrito, quanto para escrever o que está reproduzindo.
Por fim, associar o ritmo às sensações psicológicas internas, o que nos permitirá compreender melhor uma música, e nos expressar com muitíssimo maior riqueza por meio dela.
Sem dúvida alguma, o ritmo é o mais importante numa música, é o código que organiza o lugar de tudo no tempo, e sendo a música a arte que acontece no tempo, a arte efêmera por definição, tudo na música acontece dentro do ritmo.
De forma que podemos concluir que não há música sem ritmo. É preciso desenvolver e tocar com ritmo. Devemos fazer um estudo rítmico todos os dias para desenvolver essa habilidade.
Trabalhar o ritmo musical é trabalhar o que há de mais importante na música, e isso para todos os instrumentos, principalmente para o saxofone, sem isso não há melodia, não há improvisação, não há harmonia, não há música.
Devemos desenvolver o ritmo em todas as suas facetas, fazendo assim, introjetando estruturas, desde as mais simples às mais complexas, entendendo sua matemática, e associando isso a sensações psicológicas internas, teremos meios de compreender a música em todos os sentidos.
Se você tem dificuldades, e deseja desenvolver sua percepção rítmica em todos os sentidos, entre em contato comigo, trabalharemos seu caso específico para que você possa alcançar grandes resultados.
Embora haja pessoas que têm mais facilidade com o ritmo, e outras que têm mais dificuldade, todos temos condições, se utilizarmos as técnicas certas, de alcançar um patamar que nos permita tocar música sem inibições.
Entre em contato e certamente estarei feliz em te atender e compreender seu objetivo, para desenvolvermos um trabalho específico, voltado para sua dificuldade.
Daniel Vissotto