As escalas maiores
As escalas maiores são a base de todo desenvolvimento de visão harmônica no saxofone, é a partir das escalas maiores que conseguimos ter a visão da formação das demais escalas e até mesmo dos acordes. Há quem pense os intervalos a partir das escalas maiores, e dessa forma é fundamental ter em mente que você precisa conhecer todas as escalas maiores em todos os 12 tons e enarmonias.
Um histórico das escalas maiores
Desde Pitágoras, no século VI a.C., temos a escala natural como a base da música ocidental. Pitágoras acreditava nas relações matemáticas com o som, e em seus experimentos descobriu que certos intervalos musicais estão relacionados a proporções numéricas, com base no seu estudo do monocórdio.

Pitágoras, o filósofo
Por exemplo, Pitágoras percebeu que frequência da nota mais alta de uma oitava era igual ao dobro da nota mais baixa, ou seja, que a proporção entre elas era de 2:1. Por exemplo, se LA tem uma frequência de 440Hz, a oitava acima teria uma frequência de 880Hz, e se fosse uma oitava abaixo daria 220Hz.
Ou seja essa proporção de 2:1 cria um intervalo que para o ouvido parece a mesma nota, porém, numa altura diferente (mais alta ou mais baixa). A consonância entre essas notas é muito estável, pois a proporção entre elas é muito simples.
Estudando os intervalos da quinta justa, e também da quarta justa, ele percebeu respectivamente as proporções de 3:2 (1,5), ou seja a frequência da nota mais alta é 1,5x a nota mais baixa da quinta justa, e também a proporção de 4:3, ou seja, a frequência da nota mais alta é 1,33…x a nota mais baixa da quarta justa.
Essas proporções, para Pitágoras soavam bem, pois as ondas se alinhavam de maneira ordenada, e produziam um som consonante agradável. Isso traz um ensejo matemático para a explicação do termo consonante e agradável em música, coisa que Pitágoras procurava endossar.
Provavelmente para Pitágoras a escala pentatônica, construída com intervalos de quinta, surgiu antes da escala heptatônica (de sete notas), pois os princípios matemáticos que ele utilizou o levavam a isso. A escala pentatônica foi escolhida por conta de sua simplicidade e consonância incríveis.
Posteriormente Pitágoras percebeu que, ao adicionar mais duas quintas justas à sua escala (DO, SOL, RE, LA, MI, ouseja, adicionando SI e FA) ele poderia derivar uma escala de sete sons, ou seja, a escala que hoje conhecemos como DO, RE, MI, FA, SOL, LA, SI. E assim chegaríamos à nossa escala diatônica, ou seja, a escala natural como conhecemos hoje, a escala maior.
Bem, o modo Jônico, que era o antigo nome da escala maior como a conhecemos hoje, passou assim a ser o modo que contrastava mais com o modo Eólio, e assim surgiu, por volta do renascimento o sistema tonal de música, no qual o Jônico (maior) e o Eólio (menor) se transformaram na base de quase toda construção musical.
A utilidade das escalas maiores
A escala maior é muito mais do que uma simples escala, ela é a base para todo o conhecimento das estruturas básicas do desenvolvimento musical (intervalos, escalas e acordes). É a partir dela, contando os seus graus que conhecemos a função de cada nota, a posição de cada nota no acorde, e também a construção das escalas e das estruturas em geral.
O estudante sério de música deveria em primeiro plano, sempre, passar pelo conhecimento das escalas maiores, pois delas vem o conhecimento das escalas menores, ou seja, as escalas menores são simples alterações da escala maior, e assim com todos os modos, escalas e estruturas.
Como encontrar outras estruturas a partir da escala maior
Por exemplo, o que é uma escala menor melódica, ou ainda, como os jazzistas costumam chamá-la de escala menor real, senão uma escala maior com a terça menor? É simples assim, não há necessidade de se preocupar com armaduras de clave, bequadros, acidentes, etc. Basta saber a escala maior e colocar nela uma alteração, a saber, a terça menor. Logo as notas da escala menor melódica são em C maior: C, D, Eb, F, G, A, B e C.
O mesmo para as escalas menores harmônicas, cuja origem é a preocupação com o trítono no acorde dominante, para dar-lhe maior movimento e atração para o acorde fundamental (ou seja, a ecala menor relativa teria a sétima maior), porém, dentro de nosso quadro de visão, não tomando por base a escala relativa, mas a escala maior, temos que a escala menor harmônica é a escala maior com a terça e a sexta bemolizadas (diminuídas de meio tom).
Outro exemplo são os intervalos, se eles pertencem à escala maior e são 2ª 3ª 6ª e 7ª são necessariamente maiores, e se são 4ª 5ª e 8ª são necessariamente justas. De forma que diante dessa base conseguimos, a partir disso, da escala maior, deduzir todos os demais intervalos, o que facilita muito, uma vez que temos as escalas maiores nos 12 tons e enarmonias bem sedimentadas em nossa mente.
O que seria uma escala pentatônica maior senão uma escala maior sem a quarta, e a sétima? Ora, é muito mais simples pensar assim, ou seja, partindo da escala maior do que partindo de formações ligadas exclusivamente à escala pentatônica. Fazendo assim as coisas ficam muito mais explícitas e fáceis de se formar, mesmo porque o raciocínio toma por base sempre o mesmo ponto de partida, a saber, a escala maior.
Dessa maneira, tomando sempre como ponto de partida a escala maior, é necessário destrinchar de maneira extrema as escalas maiores para poder por meio delas encontrar as demais escalas, intervalos e acordes. Sim, no início há uma certa estranheza, a saber, o conhecimento das escalas maiores para um iniciante é um tanto quanto árduo, mas uma vez conquistado, certamente conduzirá a uma visão poderosa de como formar as demais estruturas, com facilidade e destreza.
A maneira de se estudar essa escala
É preciso estudar a escala maior, e por isso eu escrevi um ebook para tanto, a saber: ESCALAS MAIORES E MENORES PARA SAX, a base para soar bem. Esse ebook, chamado de ebook2 certamente irá facilitar o estudo dessas escalas, de forma que você possa encontrá-las sem dúvida e sem titubeio no saxofone. Possui muitos exercícios que podem ser estendidos pela criatividade do aluno a um número infinito de práticas que permitam estar variando todos os dias de estudo.
A variação é fundamental porque permite que o estudante não vicie nos estudos, sendo assim um praticante de exercícios, mas que possa aos poucos, se desenvolver e conseguir assim alcançar a musicalidade através dos mesmos. O ebook conta com 16 playbacks em vários estilos para que o aluno possa praticar sua musicalidade.
Precisamos estudar as escalas maiores.
Daniel Vissotto